O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, foi o primeiro entrevistado do talk show Conversa com Augusto Nunesnovo programa de entrevistas da Revista Oeste. Durante a conversa desta terça-feira, 8, Tarcísio falou sobre sua trajetória pessoal, sua entrada na política e os principais projetos de sua gestão.
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Filho de mãe portuguesa e pai brasileiro, Tarcísio contou que a infância foi marcada por dificuldades financeiras. Sua mãe trabalhou como empregada doméstica e seu pai teve empregos simples no comércio. “Meu pai carregou caixa de sapato no comércio, vendia bola, passava o dia com pão com mortadela”, relatou.
Ele lembrou com emoção do pai, que foi amigo pessoal de Pixinguinha. Segundo Tarcísio, o compositor o chamava de “filho espiritual”. O governador também recordou momentos em que assistia com o pai à troca da bandeira na Praça dos Três Poderes, em Brasília, quando ainda era criança.
Tarcísio na política
Tarcísio afirmou que nunca planejou seguir carreira política. Serviu por 17 anos no Exército e assumiu cargos técnicos em governos anteriores antes de ser escolhido por Jair Bolsonaro para chefiar o Ministério da Infraestrutura. Depois, a convite do próprio Bolsonaro, disputou e venceu o governo de São Paulo.
“Achava isso uma loucura, não fazia o menor sentido, nunca disputei uma eleição”, disse. A decisão foi tomada depois da insistência do então presidente e com o apoio da mulher, Cristiane, com quem está casado há 27 anos.
O governador declarou que pretende disputar a reeleição em São Paulo, e não a presidência da República em 2026. Disse estar concentrado em projetos de longo prazo, como a revitalização do centro da capital, a universalização do saneamento e a construção do túnel Santos-Guarujá. “A presidência é destino, hoje sou candidato à reeleição”, avalia.
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Ele destacou que muitas obras importantes devem ser concluídas apenas depois de 2028. “Tem projetos que vão ser concluídos em 2028, 2029, 2030″, conta. “A gente está disposto a botar R$ 14 bilhões num projeto que a gente não vai ver funcionando, porque a gente sabe que se a gente não fizesse isso, talvez outros não fizessem.”
Perguntado sobre a obra que mais o marcou, Tarcísio disse que cada entrega tem uma importância diferente, a depender do impacto na vida das pessoas. Citou a ponte do Abunã, no norte do país, como exemplo de infraestrutura que transforma realidades. Em São Paulo, destacou os projetos habitacionais e o aumento no número de leitos hospitalares.
Também mencionou a emoção de ver alunos que participam de intercâmbios internacionais e aprovados em universidades públicas. “Quando você liga para um aluno que acabou de ser aprovado na Universidade de São Paulo, que é filho de uma empregada doméstica, são coisas que não têm preço”, conta.
As anistias da história do Brasil
Ao abordar os pedidos de anistia para manifestantes presos depois dos atos de 8 de janeiro de 2023, Tarcísio defendeu a medida e apresentou um histórico de anistias no país. Citou casos como a Guerra dos Emboabas, a Revolução da Armada, a Revolta da Chibata, a Tentativa comunistaa Revolução de 1932 e a anistia de 1979.
“Isso faz parte da história do Brasil, é um ponto de pacificação”, avalia. “Muitas pessoas foram induzidas ao erro, não sabiam porque estavam lá, chegaram depois do horário. A anistia é um remédio, uma porta de saída.”
Tarcísio pontuou avanços no combate à criminalidade em São Paulo. Disse que o Estado alcançou o menor índice de homicídios da história e do país: 5,6 por 100 mil habitantes. Também informou quedas significativas em roubos de veículos e cargas.
Atribuiu os resultados a investimentos em tecnologia, ampliação dos efetivos e ações coordenadas com municípios. No entanto, criticou a legislação penal atual. “A nossa legislação não está sendo capaz de segurar o reincidente e coibir a habitualidade”, considera. “Isso aborrece o cidadão e a polícia fica enxugando o gelo.”


Tarcísio afirmou que prefere a gestão à articulação política, mas reconheceu a importância do diálogo. Destacou a relação com a Assembleia Legislativa de São Paulo e o judiciário estadual, que, segundo ele, tem garantido segurança jurídica às ações do governo.
Sobre o Brasil, falou com otimismo e elogiou a diversidade e a unidade nacional. “É um país de gente trabalhadora, humilde, séria”, avaliou. “Cada Estado tem uma potencialidade, uma riqueza, mas o principal é que nós temos um povo maravilhoso.”
Quando perguntado sobre a figura histórica que mais admira, Tarcísio foi direto: Dom Pedro II. “Era preparado para exercer aquele cargo, um estudioso, um cara de vanguarda, um cara moderno, um democrata acima de tudo”, elogiou.
Ao final, disse esperar ser lembrado como alguém que fez o melhor. “Um cara que procurou fazer o melhor e trabalhou, foi sério, foi honesto e acreditava no Brasil, acreditava no serviço público”, completou.
Leia também: “A anistia inevitável”, artigo de Augusto Nunes e Branca Nunes publicado na Edição 255 da Revista Oeste