O longo período de estiagem e as altas temperaturas nas principais áreas cafeeiras do Brasil impactaram negativamente o pegamento das floradas dos cafezais. As informações do potente abortamento dos frutos nas lavouras são crescentes e já apontam para uma produção aquém das expectativas para próxima safra brasileira de moca.
Para Fernando Barbosa, presidente da Associação dos Cafeicultores do Sudoeste de Minas, as lavouras de moca no Brasil enfrentaram desafios significativos. “A preocupação é que as condições atuais possam levar a uma produção ainda mais baixa do esperado, afetando não apenas os cafeicultores, mas toda a cadeia produtiva do café. Não sabemos onde pode chegar, mas o fato é que há um desequilíbrio que pode gerar danos severos para toda cadeia produtiva de café”, alertou o presidente.
Especialistas destacam que a produção de moca arábica foi a que mais sofreu com o clima oposto, e o resultado destes problemas climáticos estão impactando no preço da variedade, que no mês de novembro chegou a atingir um recorde histórico em 47 anos nos futuros na bolsa de Novidade York. Os preços do arábica chegaram a subir muro de 80% levante ano, devido às preocupações com o impacto da seca no Brasil na produção do moca.
Os futuros do moca arábica na ICE, usados uma vez que referência para o preço do moca físico em todo o mundo, chegaram a atingir o valor de US$ 3,48/lbp no início desta terça-feira (10), nível não visto.
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Um levantamento inicial realizado pela StoneX mostra que a safra 2025/26 do arábica deve ter uma queda de mais de 10%, resultando em 40 milhões de sacas. O relatório reforça que em 2024 o cenário era de uma oferta reduzida para o robusta, o que fez com que a variedade ganhasse valorização e altos preços frente ao arábica. Mas, na próxima temporada vamos observar essa veras se invertendo diante da perspectiva de uma crise de oferta global do moca arábica.
A Volcafe Ltd., uma das maiores comerciantes de moca do mundo, aponta que a variedade deve registrar o quinto ano de déficit, com 8,5 milhões de sacas. “O Brasil deve produzir apenas 34,4 milhões de sacas do grão arábica premium na próxima temporada, uma queda de cerca de 11 milhões de sacas em relação à estimativa de setembro”, completou a empresa.
Ainda de concordância com a trading, a perspectiva para 2025-26 é pior do que para a temporada atual, na qual a produção brasileira de arábica deve ser de 43,3 milhões de sacas, resultando em um déficit global de 5,5 milhões de sacas.
De concordância com o comentador de mercado da Pharos Consultoria, Haroldo Bonfá, o relatório divulgado pela Volcafe deixa o cenário do mercado cafeeiro ainda mais apreensivo e turbulento, “o horizonte não é nada bonito. A possibilidade de um default de empresas cafeeiras do Brasil, como aconteceu com a Atlântica e Cafebras, deixa o mercado apavorado. O mercado só vai definir quanto tivermos números confiáveis de quanto vamos colher em 2025. Até lá, muita especulação, dólar na estratosfera, juros internos Selic podendo chegar em 14%, produtor sem saber se está ganhando ou não dinheiro, ou seja, um cenário crítico”, explicou o comentador.
E de vestimenta o caso citado por Haroldo, das empresas do grupo de moca Atlântica Exportação e Importação SA e Cafebras Negócio de Cafés do Brasil SA, trouxeram mais preocupação para o mercado cafeeiro.
Segundo a Reuters, no mês de novembro as duas tradings, sediadas no Brasil, buscaram a Justiça para negociar com os credores posteriormente terem sido atingidas por um aumento nos preços globais do moca arábica.
A Atlântica disse que responde por 8% das vendas de arábica do Brasil. As duas empresas são de propriedade da Montesanto, e acreditam que não serão as últimas a enfrentarem problemas com os credores por conta do potente aumento dos preços. No primórdio desta semana, as duas conseguiram lucrar na justiça (posteriormente perderem em um primeiro momento) um período de 60 dias para renegociar suas dívidas.
O rali corre o risco de aumentar ainda mais os custos para torrefadores e cafés, que podem ter que repassá-los aos consumidores. Um relatório divulgado pela Pine Consultoria Pine mostrou em uma coleta de dados com os clientes que já é verosímil observar que, nas últimas semanas, o preço ao consumidor subiu 15% e já há notificações que em dezembro subirá novamente entre 20% a 25%.
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