Uma palestra realizada na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) nesta quinta-feira (17) teve performance erótica com dança em cima de cadeira e exposição de partes íntimas. O evento foi promovido pelo Grupo de Pesquisa Epistemologia da Antropologia, Etnologia e Política (GAEP) e apresentado pela historiadora e cantora travesti Tertuliana Lustosa. A universidade afirmou “que está averiguando o ocorrido”.
Em vídeo divulgado nas redes sociais, é possível ver a palestrante subir em uma cadeira, levantar o vestido e expor suas partes íntimas enquanto canta. “aqui não tem nota, nem recuperação, não tem sofrimento e se aprende com tesão. De quatro, empino o c*, educando com o c*”, diz a letra.
Em nota, a universidade informou que a artista foi convidada para a Mesa-Redonda intitulada “Dissidências de gênero e sexualidades”, e performou uma de suas canções, “considerada inapropriada para o momento e a construção do debate acadêmico-científico em que se encontrava”. Tertuliana é pesquisadora na área.
“A Universidade é um espaço plural e de diálogos, dedicado ao conhecimento, à diversidade de ideias e ao respeito mútuo”, diz a UFMA, pontuando que “a liberdade de expressão é pilar fundamental da academia”, mas deve manter “ambiente harmônico e respeitoso para todos”.
A UFMA informou ainda que “não compactua com quaisquer tipos de ações que possam desrespeitar os valores e princípios basilares da instituição” e que “tomará as providências cabíveis, após o comprometimento de ouvir todas as vozes, reafirmando seu compromisso com um ambiente acadêmico inclusivo, respeitoso e transparente”.
Performance na Universidade gera debate
Em suas redes sociais, a deputada federal Bia Kicis divulgou o ocorrido e informou que “o evento foi custeado com recursos públicos”. Assim como ela, o jurista Deltan Dallagnol questionou se “é para isso que trabalhamos cinco meses para pagar impostos no Brasil”.
Dallagnol pontuou ainda que “a esquerda não quer apenas promover a cultura woke nas escolas e universidades, mas também a pornografia e a erotização”.
Em resposta às críticas, a historiadora Tertuliana afirmou em sua página no Instagram “que a universidade é, sim, lugar de múltiplas formas de conhecimento, inclusive do proibidão”.
O encontro em que a artista participou segue até esta sexta-feira (18) e tem como título “Gênero para além das fronteiras: tendências contemporâneas na América Latina e no Sul global”.
Ministério da Educação envia nota sobre o caso
À Gazeta do Povo, o Ministério da Educação (MEC) informou que “as universidades federais no Brasil possuem autonomia garantida pela Constituição Federal de 1988, conforme previsto no artigo 207”. Com isso, a pasta explica que as instituições podem “gerir suas atividades acadêmicas, administrativas e financeiras, respeitando os princípios que regem a administração pública, e apurar situações ocorridas em suas dependências”.
O MEC pontua ainda que “já houve posicionamento da UFMA, no sentido de que a instituição está averiguando o ocorrido e tomará as providências cabíveis após ouvir as partes envolvidas no referido evento”.