Cassado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), em 2021, por ataques ao sistema de urnas eletrônicas para votação no Brasil nas eleições de 2018, o ex-deputado estadual Fernando Francischini assumiu a presidência do Solidariedade no Paraná e deve disputar a próxima eleição a deputado federal após oito anos de inelegibilidade.
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Durante entrevista à Gazeta do Povoo aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) revelou que articula com a liderança nacional do Solidariedade a concretização de uma federação partidária com o PRD, legenda que foi criada após a fusão do Patriota com o PTB, do cacique Roberto Jefferson. A intenção é aproximar a sigla – presidida pelo deputado federal Paulinho da Força – do espectro político da direita no ano que antecede as eleições de 2026.
Além de fortalecer o Solidariedade, que procura desde o ano passado outras legendas para a nova federação, o movimento também intensifica a tendência à direta dos partidos de centro, assim como anunciado pelo União Progressista, que se tornou a federação partidária com mais deputados federais no Congresso, se distanciou de Lula e enfraqueceu o petista às vésperas da disputa pela reeleição presidencial.
“A minha volta só foi viabilizada ao Solidariedade quando o presidente nacional, deputado Paulo Pereira, rompeu com o governo. O Solidariedade não tem nenhum ministério e o presidente nacional vem fazendo, sistematicamente, vídeos contra a atual gestão”, afirmou Francischini, que é um dos fundadores do partido e voltou a integrar a Executiva nacional da legenda.
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Francischini admitiu que o Solidariedade não é um “partido inteiro de direita como o PL”, mas que o apoio de outras siglas será fundamental para a construção de uma aliança contra o PT nas eleições de 2026 para o fortalecimento das candidaturas de oposição.
“Se todo mundo for para o PL, como é que nós vamos levar outros partidos para a coligação para tirar o Lula? Isso pesou na minha volta ao Solidariedade com intuito de ajudar e contribuir no processo de retirada de partidos da base do presidente Lula para o lançamento de um candidato de direita”, explicou.
Francischini aposta em uma “debandada” dos partidos de centro do governo Lula motivada, principalmente, pelo desgaste da política econômica petista e alta de preços dos alimentos nos supermercados, com impactos na inflação que corrói a renda das famílias brasileiras. “Nesse cenário fica inviável apoiar o governo federal, mesmo com cargos”, disse, citando a possibilidade de desembarque do governo da federação União Progressista.
Francischini lembrou que o Solidariedade incorporou o partido Pros, em 2023, com um quadro de correligionários alinhados mais à direita. Se a nova federação com o PRD for confirmada, ele afirma que o processo de união de quatro siglas que estavam no xadrez político do país nos últimos anos deve posicionar, definitivamente, o Solidariedade na centro-direita em oposição ao governo Lula.
“Reuniões importantes já foram feitas que levam o Solidariedade para a centro-direita de uma forma muito eficaz. A junção com o Pros já tinha levado o partido à direita. Agora com o PRD – fusão do PTB do Roberto Jefferson e do Patriota, que ajudou muito o Bolsonaro – a gente reposiciona o Solidariedade”.
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“Meu candidato é o Bolsonaro até os 45 minutos do segundo tempo”
Questionado sobre a articulação política da direita que busca um nome como alternativa, caso Bolsonaro permaneça inelegível para 2026, Francischini respondeu que defende a permanência do ex-presidente como a primeira opção como candidato de oposição a Lula.
“Como alguém que participou da coordenação da campanha do presidente Bolsonaro, tanto em 18 como em 22, meu candidato é o Bolsonaro até os 45 do segundo tempo”, declarou.
No entanto, ele afirmou que se o ex-presidente não conseguir reverter o cenário com a aprovação do PL da Anistia no Congresso, os governadores Tarcísio de Freitas (Republicanos), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Ratinho Junior (PSD) são considerados bons nomes que podem assumir a chapa presidencial para concorrer contra Lula com apoio de outras siglas de direita e centro-direita.
“Hoje, o Tarcísio é o candidato mais forte, mas temos outros bons nomes. Temos que unificar os nomes dos candidatos de centro e de direita para enfrentar o Lula, se não ele vence, novamente, as eleições. Por isso é importante ter candidatos de direita em vários partidos, não só no PL. Senão, como é que vamos impactar e pressionar as presidências nacionais dos partidos em busca da articulação?”, comentou.
Deputado federal entre 2011 e 2015, Francischini foi líder do Solidariedade e apoiou o processo de impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). Deixou a Câmara em Brasília (DF) para assumir o cargo de secretário de Segurança Pública do Paraná. Ele é ex-delegado da Polícia Federal. Em 2018, filiado ao antigo PSL, ele foi um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro à presidência da República e foi o candidato a deputado estadual paranaense mais votado do pleito, com mais de 427 mil eleitores nas urnas do estado.
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Ex-deputado cassado diz que voltar para Brasília para enfrentar sistema
Francischini confirmou que irá lançar a candidatura a deputado federal em 2026 para “enfrentar o sistema” em Brasília depois de ter sido cassado por causa da divulgação de vídeos contra as urnas eletrônicas durante a campanha eleitoral de 2018.
“Poucos têm a coragem de fazer em Brasília o que faço, de falar sem medo de ser cassado, de sofrer busca e apreensão, de ser perseguido como eu fui. Sinto muita falta de uma voz forte em Brasília que me represente”, disse o ex-parlamentar, que no Paraná ainda tem a família ocupando postos no União Brasil: a esposa, Flávia Francischini, deputada estadual, e o filho, Felipe, deputado federal e presidente estadual do União Brasil.
Na visão de Francischini, a cassação em 2021 ocorreu para “se criar uma jurisprudência” que pudesse ser utilizada contra o presidente Bolsonaro, que também criticava com frequência o sistema eleitoral brasileiro e foi condenado, posteriormente, pelo encontro com embaixadores, em que tratou do mesmo tema.