Abril de 2025 terminou com anomalia (diferença da média) de +0,60°C em relação à média de 1991 a 2020, alcançando uma temperatura média global de 14,96°C. Este foi o segundo abril mais quente desde o início das medições modernas, perdendo apenas para abril de 2024, que foi 0,07°C mais quente. O mês também foi 1,51°C mais quente do que a média do período pré-industrial (1850–1900), mostrando um forte desvio em relação aos níveis considerados de referência para o clima global.
Esse abril foi também o 21º mês, dentro de um período de 22 meses consecutivos, com temperaturas globais acima de 1,5°C em relação à era pré-industrial. Desses, 14 meses apresentaram desvios ainda maiores, entre 1,58°C e 1,78°C, confirmando uma tendência de superaquecimento consistente, que preocupa cientistas e autoridades climáticas.
Figura 1- Anomalias da temperatura do ar na superfície global em abril. Fonte: C3S/ECMWF


Média dos últimos 12 meses também é recorde
Confira:
No período de maio de 2024 a abril de 2025, a anomalia de temperatura média global foi de +0,70°C em relação à média de 1991–2020 e de +1,58°C em relação ao período pré-industrial. Este valor é apenas 0,06°C inferior ao recorde absoluto para 12 meses consecutivos, que foi de +0,76°C entre junho e agosto de 2024. A nova média supera amplamente os picos anteriores observados nos períodos de 2015/2016 e 2019/2020, que atingiram no máximo +0,46°C.
Europa também aqueceu
A média de abril de 2025 na Europa ficou 1,01°C acima da normal climatológica de 1991–2020, tornando-se o sexto abril mais quente já registrado no continente. Os destaques ficaram com o Reino Unido, que teve seu terceiro abril mais quente, com temperaturas máximas diárias 2,8°C acima da média, e a Irlanda, que bateu o recorde de temperatura máxima para abril (25,9°C).
Em contrapartida, algumas áreas da Europa Oriental e do norte da Escandinávia apresentaram temperaturas abaixo da média.
Oceanos seguem anormalmente quentes
As temperaturas da superfície do mar (SSTs) seguiram muito elevadas em abril de 2025. O valor médio foi de 20,89°C, o segundo maior já registrado para abril, ficando atrás apenas de abril de 2024. Desde março de 2023, os valores diários de SSTs estão persistentemente acima dos registros anteriores, indicando um aquecimento generalizado dos oceanos.
Destacam-se as águas do Pacífico ocidental, ao norte da Austrália, que atingiram valores recordes. O Atlântico Norte continua com temperaturas muito acima da média, especialmente na porção nordeste. O Mediterrâneo também se manteve bem mais quente que o normal, embora com menor área de anomalias extremas em relação a março.
Figura 2: Anomalias e extremos de temperatura da superfície do mar em abril de 2025. As categorias de cores indicam os percentis da distribuição de temperatura com base no período de referência de 1991 a 2020. Fonte: C3S/ECMWF.
Gelo no Ártico volta a subir, mas segue abaixo da média
O gelo marinho no Ártico atingiu 13,9 milhões de km² em abril — cerca de 3% abaixo da média de 1991–2020, sendo o sexto menor valor já registrado para o mês. Ainda que a extensão tenha se aproximado da média na segunda metade do mês, abril marca o fim de uma sequência de quatro meses consecutivos com recordes mínimos históricos.
Antártica mantém padrão de anomalias negativas
Na Antártica, a extensão média do gelo foi de 6,5 milhões de km², cerca de 10% abaixo da média — a 10ª menor para o mês de abril desde 1979. A distribuição foi desigual, com áreas de maior concentração nos mares de Weddell e Amundsen, mas com forte redução no mar de Ross, no setor Atlântico e próximo à Península Antártica.
Figura 3: Esquerda: Concentração média de gelo marinho na Antártica em abril de 2025. A linha laranja espessa indica a extensão climatológica do gelo para o mês de abril, com base no período de 1991 a 2020. Direita: Anomalia de concentração de gelo marinho na Antártica em abril de 2025 em relação à média de abril do período de 1991 a 2020. Fonte dos dados: ERA5. Crédito: C3S/ECMWF.