O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse em entrevista ao portal UOL nesta quarta-feira, 27, que está sendo vítima de uma perseguição. Ele foi indiciado pela Polícia Federalista (PF) por uma suposta de tentativa de golpe de Estado.
Durante a entrevista, Bolsonaro negou ter ciência de um suposto projecto para prender ou matar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federalista (STF).
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“Para mim, é uma grande estória”, disse Bolsonaro ao UOL. “A PF faz aquilo que o senhor ministro (Alexandre de Moraes) assim deseja.”
“Basta você ter conhecimento dos áudios do Airton Viera (juiz instrutor de Moraes) para ou Tagliaferro (Eduardo Tagliaferro, funcionário do TSE): ‘Tenha criatividade’ (expressão usada por Airton para Tagliaferro ao pedir investigação contra a Revista Oeste)”, acrescentou. “Aí o que fazem são suposições.”
“Que plano era esse?”, continuou o ex-presidente. “Dar um golpe com um general da reserva, três ou quatro oficiais e um agente da PF? Que loucura é essa? Ali no prédio da Presidência trabalham mais ou menos 500 pessoas. E eu sei o que cada um tá fazendo?”
“Pelo que sei, o Alexandre não sai de casa com menos de seis agentes do lado dele”, continuou. “Isso aí é até bravata. É papo de quem tem minhoca na cabeça. Sequestrar, envenenar, matar. Matar o Alckmin? Não dá. Pra quê?”
Perguntado se acredita que o Judiciário poderia infligir a “teoria do domínio do fato” no processo, — a mesma utilizada na pena do presidente Lula na Operação Lava Jato — Bolsonaro negou.
“Não”, respondeu. “Lá atrás teve desvio. Foram devolvidos R$ 5 bilhões. Tinha o sítio de Atibaia, o apartamento do Guarujá, delações do Palocci (Antonio Palocci), depoimentos, delações. Agora tem uma única delação (por Mauro Cid), que ninguém mostra. Por que não mostra?”
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Sobre a chamada “minuta do golpe”, Bolsonaro diz que ela é baseada na Constituição. “Para que serve a Constituição?”, pergunta o ex-presidente. “É a nossa lei máxima. Eu entendo que ali é um norte para você seguir. Se tem um remédio ali, por que não discutir?”
Bolsonaro acrescentou ao UOL que o pensão do Partido Liberal (PL) para discutir uma provável anulação das eleições de 2022 era o Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
“O Valdemar (Costa Neto, presidente do PL) deu uma procuração para nosso advogado e ele peticionou o TSE apontando possíveis inconsistências”, disse. “Em poucas horas, o pedido foi indeferido com multa de R$ 22 milhões. Se nós voltássemos a recorrer, a multa poderia passar para R$ 200 milhões. Ou até cassar o registro do PL.”
“Isso foi conversado com várias pessoas e não foi uma discussão muito acalorada, porque rapidamente – olha, esquece, o certo é peticionar o TSE”, continuou. “Mas a arbitrariedade se fazia presente na pessoa do presidente do TSE (na época, o ministro Moraes). Agora, o Alexandre Moraes interferiu ou não no processo eleitoral? Sim.”
Durante a entrevista, a jornalista Raquel Landim perguntou se qualquer subordinado de Bolsonaro pediu a ele para dar um golpe de Estado. O ex-presidente respondeu que isso seria uma “ignorância” e uma “petulância”.
“O golpe de Estado não é o que presidente quer”, disse. “Ele tem que se articular com as Forças Armadas, com políticos, classe empresarial, como fizeram em 1964. Ter recurso, tropa na rua.”
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Bolsonaro reconhece risco de ser recluso
O ex-presidente também admitiu que corre risco de ser recluso, mas disse não temer a PF.
“Vivemos num mundo das arbitrariedades”, afirmou. “Agora, eu não posso ir dormir preocupado de que a PF vai estar na minha casa amanhã cedo. Eu já tive três (operações de) busca e apreensão absurdas. Corro risco, sem dever nada, corro risco. (O STF) Vai fazer a arbitrariedade, vamos ver as consequências.”
“O que eu tenho a ver com o cara do rojão (do suicídio na frente do STF)?”, perguntou. “Caiu na minha conta. O próprio Alexandre no dia seguinte: pau em mim.”
Bolsonaro concluiu a entrevista dizendo que pretende manter se manter candidato à Presidência em 2026. “Eu vou”, disse. “Sou um cidadão. Sou um réu sem crime. Fui condenado sem crime nenhum.”