Em 2021, uma forte repressão da China contra a mineração de Bitcoin forçou diversas empresas do setor a deixarem o país. Muitas delas migraram suas operações para os Estados Unidosatraídas por energia mais barata e mais acesso a investidores.
UM postura da China contra o Bitcoin transformou os EUA no novo centro mundial de mineração – atualmente, cerca de 37% de toda a produção global da criptomoeda é realizada em território americano.
Em pouco tempo, os EUA assumiram a liderança que antes pertencia à Chinase beneficiando de eletricidade abundante a preços competitivos em Estados como Texas e de um ambiente de negócios receptivo ao investimento em criptomoedas.

Tarifáço de Trump eleva custos de mineradoras de Bitcoin
O domínio americano na mineração de Bitcoin está enfrentando um novo problema: o tarifaço de Donald Trump.
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O governo Trump passou a mirar as importações de equipamentos de mineração de criptomoedas, impondo tarifas pesadas de até 36% sobre máquinas vindas de países da Ásia, como Tailândia, Indonésia e Malásia.
Tais países abrigam fábricas de alguns dos maiores fabricantes mundiais de equipamentos de mineração – empresas que, anos atrás, haviam transferido parte de sua produção para o Sudeste Asiático para driblar tarifas aplicadas à China.
Com o tarifaço, mesmo essas rotas alternativas agora sofrem encargos altos na entrada aos EUA. Trump justificou as tarifas sob a bandeira do incentivo à produção nacional, alinhado ao seu discurso de campanha de querer ver Bitcoin “feito nos EUA”.


No entanto, a nova postura do presidente pegou o setor de surpresa e gerou preocupação entre as mineradoras americanas.
As tarifas elevadas encarecem os equipamentos essenciais para a mineração. Especialistas calculam que uma máquina de mineração que custaria US$ 1.000 na origem poderia sair por cerca de US$ 1.240 após as tarifas nos EUA.
Um aumento de aproximadamente 20% a 25% no preço dos equipamentos pode comprometer a já apertada margem de lucro das operações de mineração.


“Em um setor tão sensível a custos como o de mineração de Bitcoin, um aumento de 22% no preço das máquinas pode tornar as operações financeiramente insustentáveis,” Disse Jaran Mellerud, CEO Da Hashrate Index.
Empresas como a Marathon Digital – uma das maiores mineradoras de Bitcoin dos EUA – agora encaram contas de luz altas e custos de capital (compra de máquinas) muito maiores.
Isso coloca em xeque a expansão e a renovação de equipamentosnecessárias para se manter competitivas.
Se antes os EUA ofereciam um terreno fértil para o crescimento dessas empresas, as novas tarifas impõem um obstáculo à sustentabilidade econômica do setor doméstico de mineração.
Diante desse cenário, as empresas de mineração vêm reagindo de formas diferentes. Algumas optaram por pisar no freio em seus planos de expansão nos EUA.
Há mineradoras revendo contratos de compra de máquinas e adiando a instalação de novos lotes de equipamentos até que haja mais clareza sobre o rumo das políticas comerciais.
Previsibilidade virou a palavra de ordem: líderes do setor afirmam que os mineradores precisam de “regras estáveis e previsibilidade – não mudanças bruscas de política a cada poucos meses”
Por isso, muitos adotam cautela antes de investir milhões em novos equipamentos que podem ficar mais caros do dia para a noite. Outras empresas começaram a buscar alternativas fora dos Estados Unidos.


A incerteza regulatória e os custos crescentes levaram mineradoras a considerar a transferência parcial de suas operações para países onde essas máquinas não sofram tarifas de importação.
Ethan Vera, diretor de operações da empresa de mineração Luxor, disse que a companhia foi “forçada a repensar sua estratégia” e já estuda expandir suas instalações para mercados internacionais como forma de driblar as barreiras nos EUA.
Essa diversificação geográfica pode garantir acesso a equipamentos mais baratos e eletricidade em conta, ainda que signifique reduzir a fatia norte-americana no poder de mineração global.
Por outro lado, há quem mantenha os planos firmes em solo americano, apostando no longo prazo. Alguns projetos, inclusive com apoio político, seguem confiantes nos EUA apesar das tarifas.
No final de março, membros da família Trump se associaram à mineradora canadense Hut 8 para lançar a iniciativa “American Bitcoin”, com o objetivo de construir a maior empresa de mineração de Bitcoin do mundo nos Estados Unidos.
Empreendimentos desse tipo indicam que parte do setor ainda acredita no potencial americano – seja pela infraestrutura energética, pelo apoio local ou pela expectativa de que as regras possam se estabilizar.
Essas empresas adotam uma postura de resistência, sinalizando intenção de continuar operando no país e aguardando um desfecho mais favorável nas disputas comerciais.
Incerteza, mercado financeiro e futuro do setor
As políticas comerciais incertas trouxeram um clima de instabilidade para a mineração de Bitcoin nos EUA.
A mudança repentina nas tarifas – anunciadas e depois parcialmente suspensas por 90 dias, se mantendo ainda um mínimo de 10% em vigor – gerou um “efeito gangorra” que dificulta o planejamento das empresas.
Investimentos que antes pareciam sólidos agora estão sob revisão, e projetos de expansão foram colocados em compasso de espera em alguns casos.
“O dano já está feito – a confiança no planejamento de longo prazo foi abalada”observou Mellerud, afirmando que mesmo se as tarifas caírem em poucos meses, os empresários já pensam duas vezes antes de assumir novos riscos diante de um cenário tão volátil.
No mercado financeiro, os reflexos também foram imediatos. A mera perspectiva de aumento de custos e redução de competitividade das mineradoras americanas derrubou o ânimo de investidores.
Nos dias que se seguiram ao anúncio das tarifas, as ações de grandes empresas de mineração listadas em bolsa, como Maratona Digital e Plataformas Riotregistraram queda de valor, refletindo a cautela do mercado.




O próprio preço do Bitcoin – termômetro do setor – recuou após as notícias das tarifasainda que de forma moderada.
Analistas apontam que essas oscilações revelam a preocupação dos investidores com um rentabilidade futura das mineradoras e com a possibilidade de os EUA perderem parte de sua participação no hashrate (poder global de mineração) para concorrentes estrangeiros, caso as tarifas persistam.
Por fim, o futuro da mineração de Bitcoin nos Estados Unidos fica em aberto. A nação que acolheu as mineradoras expulsas da China e ascendeu ao topo da produção global de Bitcoin enfrenta seu maior teste de resiliência.
Se por um lado os EUA ainda contam com vantagens únicas – como energia barata e capital – por outro, a imprevisibilidade regulatória pode minar a confiança e empurrar investimentos para fora.
(TAGSTOTRANSLATE) BTC (T) Trump
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