Desde o último domingo, 13, ao menos oito penitenciárias na França foram alvos de ataques violentos, incluindo disparos com armas automáticas e incêndios de veículos nas proximidades.
O ministro da Justiça, Gerald Darmanin, declarou que essas ações são uma resposta à crescente repressão governamental ao tráfico de drogas. Darmanin afirmou que viajará a Toulon e planeja construir novas prisões de segurança máxima para combater narcotraficantes que operam de dentro das cadeias.
“As instalações prisionais estão sujeitas a tentativas de intimidação que vão desde a queima de veículos até disparos de armas automáticas. Vou a Toulon para dar apoio aos agentes envolvidos. A República enfrenta o tráfico de drogas e está tomando medidas que vão desestruturar profundamente as redes criminosas. Ela é desafiada e será firme e corajosa”, afirmou o ministro, em uma postagem no X.
A prisão de Toulon, no sul da França, foi alvo de tiros, conforme relatado pelo sindicato dos funcionários penais. Além disso, veículos foram incendiados em Villepinte, Nanterre, Aix-Luynes e Valence. Em Nancy, um agente penitenciário sofreu ameaças em sua residência, e em Marselha, houve uma tentativa de incêndio criminoso. Felizmente, não há registro de vítimas fatais ou feridos até o momento.
Ataques na França podem estar relacionados ao tráfico de drogas
A França tem enfrentado um aumento significativo na violência relacionada ao narcotráfico, impulsionado por um fluxo recorde de importações de cocaína da América do Sul para a Europa. Esse fenômeno transformou o mercado de drogas local e levou a um aumento nas apreensões de cocaína — nos primeiros 11 meses de 2024, 47 toneladas da droga foram apreendidas, em comparação com 23 toneladas em todo o ano de 2023.
O Escritório Nacional do Procurador Antiterrorismo (PNAT) assumiu a responsabilidade pelas investigações dos ataques, com apoio da agência de inteligência doméstica da França, a DGSI.
“Estou muito satisfeito que a Procuradoria Nacional Antiterrorismo tenha tomado medidas, porque isso é extremamente grave. São ataques terroristas”, comentou Darmanin.
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Curiosamente, as letras “DDPF”, que podem significar “direitos dos prisioneiros franceses”, foram pichadas em muitos dos locais atacados. Isso gera especulações sobre a possível autoria dos ataques por um grupo terrorista. Imagens mostram as marcas de disparos e as pichações.
No entanto, Wilfried Fonck, secretário nacional do sindicato dos funcionários penais, afirmou desconhecer qualquer movimento desse tipo nas prisões francesas.
Em resposta aos ataques, o ministro do Interior, Bruno Retailleau, instruiu prefeitos, polícias e a gendarmaria a intensificarem imediatamente a proteção dos funcionários penais e das prisões.
Conforme afirmou o sindicato, “esses ataques direcionados, covardes e hediondos visam a aterrorizar aqueles que representam a autoridade do Estado e garantem a segurança de todos diariamente, mesmo ao custo de sua própria paz de espírito”.
Medidas governamentais para combater o narcotráfico
Em fevereiro, ao anunciar as apreensões recordes de cocaína, Retailleau descreveu a situação como um “tsunami” que reformulou as regras do cenário criminal no país. Para combater o narcotráfico, Gerald Darmanin propôs uma série de medidas, incluindo a construção de novas prisões de segurança máxima com o objetivo de isolar os principais chefes do tráfico, que continuam a operar seus negócios ilícitos de dentro das cadeias.

Um exemplo da eficácia das autoridades francesas foi a recaptura de Mohamed Amra, conhecido como “Mosca”, cuja fuga durante um transporte para uma audiência resultou na morte de dois guardas prisionais.