UM Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), colegiado popularmente chamado de bancada do agro, e entidades do setor produtivo enviaram ao governo federal um conjunto de 20 medidas para reduzir a inflação dos alimentos. O documento, entregue aos ministros da Fazenda, Fernando Haddade da Casa Civil, Rui Costapropõe ações emergenciais e estruturais para equilibrar custos de produção. A proposta ainda pretende ampliar o crédito rural e corrigir distorções econômicas que afetam a competitividade do agronegócio.
Propostas da bancada do agro
Confira:
As sugestões incluem nove medidas de curto prazo e 11 de médio e longo prazo. No curto prazo, a bancada do agro defende a revisão da carga tributária sobre insumos essenciais, a ampliação do crédito e a eliminação de barreiras regulatórias. No médio e longo prazo, as propostas focam em infraestrutura, logística e segurança jurídica para garantir previsibilidade ao setor. O presidente da FPA, deputado federal Pedro Lupion (PP-PR), destaca a urgência de soluções estruturais.
“Apresentamos soluções imediatas para amenizar o sofrimento da população que se assusta cada dia mais com os preços dos alimentos e do produtor que está fazendo o impossível para produzir e pagar suas contas”, afirma Lupion. “Mas é claro que precisamos reestruturar nossa estratégia econômica e evitar distorções de mercado que possam comprometer a competitividade do agro brasileiro.”
Medidas de curto prazo
- Revisão da tributação sobre fertilizantes e defensivos agrícolas;
- Inclusão do óleo de soja na Lista de Exceções à Tarifa Externa Comum;
- Redução temporária do PIS/Cofins sobre insumos essenciais, como trigo e óleo vegetal;
- Revisão do Adicional de Frete para Renovação da Marinha Mercante;
- Redução dos requisitos de garantia real para operações de crédito;
- Reavaliação de impostos sobre embalagens essenciais;
- Desburocratização alfandegária para agilizar a liberação de mercadorias;
- Ampliação do uso do Portal Único de Comércio Exterior; e
- Eliminação de barreiras regulatórias desnecessárias na comercialização de produtos agropecuários.
Medidas de médio e longo prazo
- Redução do desperdício de alimentos, reavaliando normas de validade;
- Plano Safra sem contingenciamentos, garantindo previsibilidade orçamentária;
- Facilitação do acesso ao crédito rural, eliminando barreiras regulatórias;
- Ampliação da subvenção ao seguro rural e do Proagro para proteção contra perdas climáticas;
- Financiamento de longo prazo para a Cadeia de Frio;
- Expansão da malha ferroviária e hidroviária para reduzir custos logísticos;
- Recuperação de rodovias estratégicas e estradas vicinais;
- Ampliação da capacidade de armazenagem para minimizar oscilações de preços;
- Aplicação de medidas antidumping apenas em casos comprovados de concorrência desleal;
- Aumento da disponibilidade de farelo de milho e soja para reduzir o custo da ração animal; e
- Incentivo à produção nacional de fertilizantes e bioinsumos.
Bancada do agro reclama de gastos públicos
O documento da bancada do agro alerta para o impacto do aumento dos gastos públicos e da desvalorização cambial na inflação dos alimentos. Para Lupion, a incerteza fiscal prejudica o poder de compra da população e desestimula investimentos no setor produtivo.
“O governo gasta muito mais do que arrecada e, até agora, não demonstrou preocupação com isso”, disse o presidente da FPA. “Defendemos o agro e sabemos da responsabilidade do setor na geração de emprego e renda para o país, no desenvolvimento tecnológico e no protagonismo mundial. Estaremos sempre na linha de frente para defender a população e o produtor rural.”
Lupion aponta que a desvalorização do real encarece os custos de importação de fertilizantes, defensivos e maquinário. “A alta carga tributária sobre energia, transporte e insumos agrícolas compromete a competitividade do setor e encarece os produtos finais”, afirma. “A FPA alerta que, sem ajuste fiscal e investimentos estruturais, os preços dos alimentos continuarão pressionando o orçamento das famílias, especialmente as de baixa renda.”