A Frente Parlamentar Evangélica (FPE) elegeu nesta terça-feira (25) o deputado Gilberto Nascimento (PSD-SP) como o novo presidente da bancada para os próximos dois anos. Ao todo, 178 parlamentares – dos 228 integrantes da bancada – votaram. Nascimento foi eleito com 117 votos contra a 61 votos para Otoni de Paula (MDB-RJ).
Essa foi a primeira vez que a bancada realizou uma eleição com voto em cédulas de papel depositado em urna. Todos os últimos presidentes, desde a fundação em 2003, foram definidos por consenso.
Na última eleição da FPE, houve um revezamento do cargo entre os deputados Eli Borges (PL-TO) e Silas Câmara (Republicanos-AM). Eles alternaram na presidência da frente a cada semestre, devido à falta de consenso na escolha de um único líder.
Dessa vez, a disputa pelo comando da bancada contou com três candidatos Gilberto Nascimento, Otoni de Paula e Greyce Elias (Avante-MG). Porém, antes da eleição iniciar, a deputada Greyce, que era considerada uma candidata de centro, retirou a candidatura.
Otoni, ligado à Assembleia de Deus, foi apoiado pelo atual presidente da bancada evangélica, Silas Câmara (Republicanos-AM). Nos últimos anos, ele se afastou de Jair Bolsonaro (PL) e fez acenos ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Em um vídeo publicado nas redes sociais, o deputado afirmou que a bancada não é um “puxadinho de Bolsonaro”.
“A Frente Parlamentar Evangélica não pode ser subserviente ao atual governo e não pode estar aqui atendendo aos interesses do bolsonarismo”, declarou o deputado.
Já Nascimento, também ligado à Assembleia de Deus, é considerado mais conservador e mais à direita. Parlamentares classificam Nascimento como próximo ao grupo aliado a Bolsonaro, ao pastor Silas Malafaia e ao atual líder do PL e ex-presidente da frente evangélica, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ).
Em uma entrevista à coluna Entrelinhas, e Gazeta do Povono final do ano passado, Nascimento negou qualquer controle do governo Lula sobre a bancada. Para ele, a bancada não abre o espaço para o governo influenciar contra temas baseados em valores cristãos, como a defesa da vida desde a concepção. “Entre defender as pautas que os trouxeram para cá e se alinhar com governo ou oposição, os deputados ficam com a defesa das pautas”, declarou.
Antes da eleição, os candidatos realizaram algumas reuniões em busca de apoio. A senadora Damares Alves (Republicanos-DF), Pastor Marco Feliciano (PL-SP) e Eduardo Bolsonaro (PL-RJ) foram alguns dos interlocutores.
TEM Gazeta do Povoo deputado General Girão (PL-RN) destacou a importância da bancada para consolidar o apoio e a influência necessária na aprovação de projetos importantes. Ele também elogiou a transparência na eleição do novo presidente da Frente Parlamentar Evangélica, que ocorreu por meio de cédulas, garantindo a verificação dos votos. Ele disse que espera uma boa representatividade da bancada nos próximos dois anos.
Uma das pautas levadas em conta na escolha por alguns deputados do PL foi o apoio ao PL da Anistia, além da oposição ao governo do presidente Lula.
A posse do novo líder da agremiação de congressistas evangélicos ocorrerá nesta quarta (26), em um culto programado para um auditório da Câmara dos Deputados.
Histórico da bancada evangélica
Fundada em 2003, a FPE reúne parlamentares de diversas denominações evangélicas com o objetivo de defender pautas alinhadas aos valores e interesses desse segmento religioso. Atualmente, a frente conta com 228 membros, sendo 202 deputados federais e 26 senadores, distribuídos por 15 partidos políticos.
A atuação da FPE no processo eleitoral é marcada por sua influência política e capacidade de mobilização. Historicamente, a bancada evangélica tem desempenhado papel relevante em decisões políticas de grande impacto, como no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016.
Nas eleições de 2026, a FPE provavelmente continuará a exercer sua influência, articulando-se em torno de candidatos que atendam às pautas e valores defendidos pelo grupo. Além disso, a frente tem se posicionado em relação a temas como isenções fiscais para líderes religiosos, demonstrando sua capacidade de negociação e pressão junto ao governo federal.
Perfil do novo presidente
Gilberto Nascimento Silva, nascido em 9 de julho de 1956 em São Paulo, é um advogado e político brasileiro com uma extensa trajetória pública. Formado em Direito pelas Faculdades Integradas de Guarulhos em 1980, também possui formação em Teologia pelo Instituto Teológico Pentecostal do Brasil.
Iniciou sua carreira política em 1982, elegendo-se vereador em São Paulo pelo PMDB, posição que ocupou por três mandatos consecutivos até 1994. Posteriormente, foi deputado estadual em São Paulo de 1995 a 2003.
Atualmente, exerce seu terceiro mandato como deputado federal por São Paulo, tendo sido eleito para as legislaturas de 2003-2007, 2015-2019, 2019-2023 e 2023-2027. Ao longo de sua carreira, Nascimento esteve filiado a partidos como PMDB, PSB, PSC e, mais recentemente, ao PSD.
Além de sua atuação política, trabalhou como delegado de polícia no estado de São Paulo entre 1990 e 1995. Ligado à Igreja Assembleia de Deus, tem pautado sua atuação em defesa de valores conservadores e questões relacionadas à liberdade religiosa.