O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (24) que planeja se reunir com o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, em Washington nas próximas semanas para formalizar um acordo econômico envolvendo recursos naturais da Ucrânia como compensação pela assistência militar fornecida pelos EUA. Além disso, Trump revelou que mantém negociações diretas com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, para encerrar a guerra e discutir acordos comerciais bilaterais. As declarações foram feitas através de sua rede social, a Truth Social.
Mais cedo, em declarações à imprensa ao lado do presidente francês, Emmanuel Macron, que foi recebido pelo republicano nesta segunda-feira, Trump afirmou que a reunião com Zelensky pode ocorrer nesta ou na próxima semana. Segundo ele, as partes estão próximas de concluir um pacto econômico que trará “benefícios” para ambas as nações.
“Vou me encontrar com o presidente Zelensky. Na verdade, ele pode vir nesta semana ou na próxima para assinar o acordo, o que seria ótimo. Ficarei feliz em me reunir com ele. Nós nos encontraremos no Salão Oval. Estamos trabalhando no acordo agora”, disse Trump.
O republicano ressaltou que o pacto incluirá terras raras e outros ativos estratégicos da Ucrânia, garantindo que os EUA “recuperem o investimento” feito na defesa país. Ele também destacou que o acordo será positivo para a economia ucraniana.
“Esse acordo, que é uma ‘parceria econômica’, garantirá que o povo americano receba de volta as dezenas de bilhões de dólares e equipamentos militares enviados à Ucrânia, ao mesmo tempo em que ajuda a economia ucraniana a crescer à medida que essa guerra brutal e selvagem chega ao fim”, afirmou Trump na publicação feita na Truth Social.
Fontes do governo ucraniano confirmam que a proposta dos EUA inclui a cessão de 50% dos recursos naturais do país. No entanto, Zelensky ainda busca garantias adicionais de apoio contínuo dos EUA antes de formalizar o acordo.
Trump negocia diretamente com Putin
Além da aproximação com a Ucrânia, Trump também revelou que está em contato frequente com o ditador Vladimir Putin para acelerar o fim da guerra e “fortalecer laços comerciais” entre Washington e Moscou.
“Estou em conversas sérias com o presidente da Rússia, Vladimir Putin, sobre o fim da guerra, assim como sobre importantes transações de desenvolvimento econômico entre EUA e Rússia. As negociações estão progredindo muito bem!”, publicou na Truth Social.
O presidente francês, Emmanuel Macron, que se encontrou com Trump, enfatizou que o objetivo comum é estabelecer uma paz duradoura na Ucrânia. Segundo ele, a Europa desempenhará um papel fundamental na estabilidade da região.
Questionado se o acordo com a Ucrânia incluiria garantias de segurança para Kiev, Trump descartou o envolvimento direto dos EUA nesse aspecto. “Será a Europa que garantirá que nada aconteça”, disse. “Não acho que isso será um grande problema”, acrescentou.
G7 e recado a Trudeau
Trump também participou, nesta segunda-feira, de uma reunião por videoconferência com os líderes do G7, convocada pelo primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, para discutir os três anos da guerra na Ucrânia.
Em sua publicação na Truth Social, Trump fez uma provocação ao líder canadense, chamando-o de “governador Justin Trudeau”, em referência à sua declaração de que o Canadá deveria se tornar o 51º estado dos EUA—ideia rejeitada por Ottawa.
“A reunião foi convocada pelo governador Justin Trudeau do Canadá, atual presidente do G7, para lembrar o terceiro aniversário da guerra Rússia-Ucrânia, uma guerra que nunca teria começado se eu fosse presidente”, escreveu Trump.
“O que vimos hoje, incluindo a conversa com o presidente dos EUA no G7, é que há uma forte concordância no grupo de que essa guerra injusta tem que acabar”, afirmou Trudeau sobre o encontro. O Canadá ocupa a presidência rotativa do G7 desde 1º de janeiro.
O premiê canadense ainda afirmou que “a primeira prioridade é garantir que haja um cessar-fogo” e que “as condições para uma paz duradoura” sejam estabelecidas, e reiterou o compromisso de seu país em apoiar a Ucrânia até que as forças dela prevaleçam sobre as da Rússia.
“O Canadá estará ao lado da Ucrânia, porque defender a Ucrânia não se trata apenas de defender a soberania e o território do país, mas de defender os valores e princípios que sustentam todas as nossas democracias. Uma vitória russa na Ucrânia ameaçará todas as democracias do mundo”, concluiu.
Trump crê que guerra poderá terminar em questão de semanas
Ainda na coletiva ao lado de Macron, Trump, disse que a guerra na Ucrânia poderá terminar em “questão de semanas”.
“Acredito que a guerra poderá terminar em breve. Em semanas. Creio que sim. Acredito que podemos acabar com ela em semanas se formos inteligentes. Se não formos, ela continuará e continuará a perder pessoas jovens e bonitas que não deveriam estar morrendo. E nós não queremos isso”, afirmou o presidente dos EUA.
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores do regime da Rússia, Sergey Lavrov, disse em Ancara, na Turquia, que a Rússia está “aberta a negociações com a Ucrânia e também com a Europa”, mas que sua “ofensiva continuará até que se chegue a um acordo que satisfaça seus interesses”.
Trump considerou viável a aceitação de um cessar-fogo.
“Acredito que, em algum momento, eles concordarão com isso. E que, uma vez alcançado o cessar-fogo, isso terminará, porque eles não vão passar de um cessar-fogo para a guerra. Fico feliz por ter ajudado, pois não havia comunicação com a Rússia até eu chegar”, declarou.
O presidente dos EUA acrescentou que está pensando em ir à Rússia.
“Se tudo isso for resolvido, o que eu acho que será, com certeza. Em 9 de maio (dia em que a Rússia comemora a vitória na Segunda Guerra Mundial), não sei, acho que será muito em breve, mas quando chegar a hora certa eu irei”, disse.