Na Edição 106 da Revista OesteAugusto Nunes descreveu a esperança do Alckmin convertido. O ex-governador de São Paulo, conservador juramentado e antiesquerdista desde os tempos do berçário, deixou claro sua aversão ao petismo quando avisou com todas que não existia “a menor chance” de fazer “aliança com o PT”. “Vou disputar e vencer o segundo turno, para recuperar os empregos que eles (os petistas) destruíram saqueando o Brasil”, avisou em 2018, antes das eleições. “Jamais terão o meu apoio para voltarem à cena do crime.”
No entanto, em virtude da fraqueza eleitoral naquela campanha e do ressentimento com seu ex-aliado João Dória, que o isolou no PSDB depois de eleger-se prefeito da capital paulista, Geraldo Alckmin protagonizou uma das mais assombrosas conversões da história do Brasil”. Passou a elogiar o inimigo que chamava de ladrão e filiou-se ao Partido Socialista Brasileiro (PSB). Converteu-se à ideologia que tanto abominava.
Um pouco mais fundo
Confira:
Pouco mais de dois anos depois de tornar-se vice-presidente da República, Geraldo Alckmin, já batizado nas águas do petismo, mergulhou mais fundo no rio do comunismo, pensamento político que tanto criticou durante os 33 anos em que esteve no ninho dos tucanos. Em maio de 2024, viajou à China e trocou afagos com o ditador Xi Jinping, chefe do Partido Comunista Chinês. Deu mais um passo na seita que passou a frequentar. Em 7 de junho, em viagem à Pequim, o vice de Lula afirmou que a China é “uma inspiração para o Brasil”. Esse agrado foi correspondido. O líder chinês afirmou que os laços entre os dois países “vão muito além do âmbito das relações bilaterais e são um modelo para promover a solidariedade e a cooperação entre as nações em desenvolvimento, assim como para a paz e a estabilidade do mundo”.
No encontro, Alckmin garantiu que o Brasil está disposto a receber mais empresas chinesas, especialmente em áreas da infraestrutura, da agricultura, da mineração, de veículos elétricos e do “combate às mudanças climáticas”.
Em meio a tudo isso, Alckmin desconsiderou os avisos da então embaixadora norte-americana no Brasil, Elizabeth Bagley. Ela alertou o governo brasileiro e disse para ter cuidados quando for fazer negócios com a China, “por questões de segurança e privacidade”. Além disso, afirmou que os Estados Unidos sempre aconselham a “negociar com cautela, com os olhos abertos”, porque as empresas chinesas fazem parte do próprio governo chinês, não são privadas. A primeira fase da conversão de Alckmin foi ter-se aliado com Lula. Agora, deu mais um passo: juntou-se aos comunistas da China.
![Geraldo Alckmin, 72 anos, e Lula, 79: presente de aparente amizade e passado de grandes confrontos verbais | Foto: Divulgação/PT](https://noticiasnobr.com.br/wp-content/uploads/2025/02/Alckmin-convertido.jpeg)
Acordos firmados por Alckmin na China
O ministro do Empreendedorismo, Márcio Françaparticipou da comitiva de Alckmin. O também ex-governador do Estado de São Paulo assinou um memorando com o país asiático com o objetivo de fortalecer as pequenas empresas em ambos os países. Entre os pontos centrais do acordo está o Diálogo Permanente. Isto é, o “estabelecimento de um canal contínuo para troca de informações”. Outros pontos acordados foram:
- Incentivo à participação dos negócios em eventos comerciais organizados por ambos os países;
- Aumento da participação das empresas na economia digital;
- Desenvolvimento de tecnologias avançadas para que as empresas produzam produtos inovadores; e
- Desenvolvimento e cooperação entre clusters (integração de computadores) de micro e pequenas empresas de ambos os países; e fomento ao intercâmbio e à cooperação para capacitação entre instituições.
Dinheiro emprestado
Ainda em Pequim, Alckmin firmou acordos que envolvem empréstimos do Banco Asiático de Investimento e Infraestrutura (AIIB). A parceria envolve um repasse de R$ 4 bilhões do Banco de Desenvolvimento da China ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). O dinheiro deve ser destinado para projetos ligados ao “combate às mudanças climáticas”.
O que Alckmin ignorou, entretanto, foi o fato de a China ser o maior emissor de CO2 do mundo. Somente em 2021, os chineses liberaram 14,3 bilhões de toneladas de gás carbônico. Esse número faz o país asiático ser o maior emissor mundial, de acordo com números do Instituto de Pesquisa do Impacto Climático de Potsdam.
Acupunturista de chineses
Como se não bastasse, Alckmin aproveitou a viagem para exercer sua outra profissão: a de médico. Durante uma visita ao Centro de Medicina Tradicional Chinesa, o vice-presidente do Brasil fez sessão de acupuntura em médicos chineses. Ele até compartilhou um vídeo em sua rede social em que mostra a ação.
“A medicina chinesa me fascina com seus milhares de anos de conhecimento, tanto que eu mesmo sou acupunturista”, escreveu. De acordo com ele, os profissionais do centro pediram para ele demonstrar a prática. Esse método de tratamento utiliza agulhas em pontos específicos do corpo. A prática chegou ao Brasil no início do século 20, por meio da imigração japonesa e chinesa.
Alckmin “funkeiro”
Não se sabe qual vai ser o próximo passo da conversão de Alckmin. Enquanto isso, ele usa suas redes sociais para promover o funk brasileiro ou para transmitir frases motivacionais do mestre Miyagi.