O governo dos EUA anunciou que 15 medicamentos, incluindo Ozempic e Wegovy, estarão na segunda rodada de negociações de preços pelo Medicare. Esses medicamentos, que são populares para emagrecimento, representam um gasto anual de US$ 41 bilhões para o programa de saúde, e as negociações podem gerar economias significativas. “Temos a chance de negociar um melhor acordo para o povo americano”, afirmou o secretário de Saúde, Xavier Becerra.
Além de medicamentos para emagrecimento, a lista inclui tratamentos para cancro, diabetes tipo 2 e asma.
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O governo já havia negociado preços mais baixos para outros medicamentos em 2024, com economias de US$ 6 bilhões previstas. As negociações começarão em 2025, com os preços negociados entrando em vigor em 2027.
O semaglutido, substância ativo de Ozempic e Wegovy, representa um dos maiores gastos, estimados em US$ 7,5 bilhões para o Medicare em 2023.
A farmacêutica Novo Nordisk, obreiro dos medicamentos, se opôs ao programa, alegando que ele poderia afetar o aproximação dos pacientes e prejudicar a pesquisa de novos tratamentos.
A redução de preços poderá ser de 25% a 60%, trazendo economias substanciais para o Medicare e seus beneficiários.
Ozempic e a indústria do emagrecimento
Um dos motivos para o excesso de demanda por remédios injetáveis para emagrecer pode estar atrelado à venda sem a retenção da receita pelas farmácias. Isso significa que, apesar de ser obrigatória a apresentação da receita, os estabelecimentos não precisam mantê-la — o que facilita a compra por qualquer pessoa.
O endocrinologista e diretor da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP), doutor Ricardo Barroso, explica que o uso indiscriminado desse tipo de medicamento pode aumentar os riscos de efeitos colaterais, além de prejudicar quem realmente precisa do remédio. “Com o uso exagerado dessas medicações, há necessidade de um controle maior, assim como acontece nos Estados Unidos e na Inglaterra, onde são exigidas as receitas médicas para comprar os medicamentos”, afirma.
Ou por outra, o médico alerta para as contraindicações. “Pacientes com histórico de pancreatite, dores renais, cálculos na vesícula ou intolerância não devem usar essas medicações”, diz Barroso. Segundo ele, os principais efeitos colaterais tendem a se restringir ao trato gastrointestinal, porquê náuseas, enjoos, diarreia, constipação, azia e refluxo. Alguns pacientes também podem apresentar sonolência, indisposição e falta de robustez.
O médico também labareda a atenção para outro efeito, que ficou sabido porquê “cabeça de Ozempic”. O termo viralizou nas redes sociais em seguida circularem imagens de celebridades que apareceram mais magras, mas com a cabeça desproporcionalmente maior em relação ao corpo. Essa “deformação” também já foi relatada em seios e nádegas.
“Isso ocorre pelo uso inadequado e por uma qualidade alimentar ruim”, explica Barroso. “Se você diminuir muito a ingestão de proteína, você vai perder mais massa magra, mais músculo. Com um remédio, dependendo da dose, você pode emagrecer sem nem precisar fazer uma dieta adequada. Só que, sem fazer atividade física, sem ter uma boa ingestão de proteína, você perde musculatura do ombro, do pescoço, das pernas… É por isso que existe essa desproporcionalidade entre o corpo e a cabeça, além de outras partes do corpo.” O técnico reitera que esses efeitos podem ser minimizados significativamente mediante séquito médico e nutricional durante o tratamento.
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Revista Oeste, com informações da Filial Estado