A perseguição aos cristãos continua intensa em muitos países do mundo, onde a liberdade religiosa ainda é um sonho distante quando comparada à verdade experimentada no Brasil e em tantas outras nações.
O mais recente relatório da Portas Abertas, uma ONG dedicada a reportar violações de direitos contra cristãos em nível internacional, mostra que os índices de perseguição alcançaram um novo recorde no último ano, afetando mais de 380 milhões de seguidores da fé cristã em todo o mundo.
A Lista Mundial da Perseguição (LMP) 2025, recebida em primeira mão pela Jornal do Povo, indica que houve um aumento drástico em 39 dos 50 países acompanhados no relatório, com 15 milhões a mais de seguidores do cristianismo que sofreram qualquer tipo de violação em relação aos números do ano pretérito. Na América Latina, dois casos chamam a atenção: o de Cuba e México, que avançaram em políticas de repressão a grupos religiosos.
Segundo a Portas Abertas, esses dados equivalem a 140 milhões a mais de cristãos perseguidos desde 2018. Os dados acumulados em 2024 apontam que um a cada sete cristãos é perseguido no mundo.
Desde 1993, a ONG divulga uma pesquisa, com metodologia própria, avaliando a pressão e a violência enfrentada pelos religiosos pelo simples vestuário de seguir a Jesus. A partir do levantamento desses números, elabora a Lista Mundial da Perseguição e o Planta com os 50 países onde os cristãos são mais perseguidos.
Ao todo, 13 países são apontados uma vez que extremamente perigosos para expressar a fé, enquanto os outros 37 são marcados pela perseguição severa (veja o ranking completo ao final da material).
Nesta edição, o período de levantamento de dados foi de 1º de outubro de 2023 a 30 de setembro de 2024.
Coreia do Setentrião no topo da lista pelo 3º ano continuado
Pelo terceiro ano continuado e pela 23ª vez desde a divulgação da primeira Lista Mundial da Perseguição, em 1993, a Coreia do Setentrião aparece no topo do levantamento uma vez que o país mais hostil à frase religiosa.
Desde 2002, o país se mantém na primeira posição, com exceção de 2022, quando o Afeganistão, sob o regime Talibã, elevou a perseguição em nível pátrio.
No início do ano pretérito, a ditadura norte-coreana, liderada por Kim Jong-un, anunciou uma série de regulações mais rígidas contra a revelação religiosa e sanções mais severas contra cristãos, o que aumentou ainda mais o terror entre a população, que vive isolada do restante do mundo.
Para muitos, a identificação de cristão pelo Estado pode valer uma sentença de morte, já que o regime ditatorial comunista proíbe qualquer revelação religiosa no país e venerar pode ser um grande risco.
Existem duas principais penas para os convertidos ao cristianismo que são descobertos pela ditadura: ou são enviados para campos de trabalho forçado uma vez que prisioneiros políticos, onde eles enfrentam uma vida de trabalho duro até a morte, ou são mortos.
Segundo o último relatório divulgado nesta terça-feira (14), o nível de violência aumentou ainda mais no país, com os cristãos enfrentando uma verosímil realização pública sumária se forem identificados.
“Por causa da paranoia ditatorial e do fechamento das fronteiras para ajuda externa, além da repressão, nossos irmãos norte-coreanos estão passando fome e extrema necessidade”, afirma Marco Cruz, secretário-geral da Portas Abertas no Brasil.
Nigéria lidera entre os países que mais matam cristãos
Apesar de a Coreia do Setentrião ser o primeiro país da lista onde a repressão aos cristãos é mais gritante, casos de realização e outros atos violentos foram mais recorrentes na Nigéria, onde mais de 4.400 seguidores de Jesus foram mortos.
O país africano é responsável por 69% dos assassinatos em todo o mundo, alguma coisa que já havia sido observado na lista de 2024. As maiores ameaças aos religiosos envolvem a ação de militantes islâmicos extremistas, uma vez que milícias do povo fulani, o Boko Haram e o ISWAP (Estado Islâmico da Província da África Ocidental), além de criminosos armados.
Ao todo, mais de 14 milénio propriedades cristãs foram danificadas, saqueadas, incendiadas, ou até mesmo fechadas por motivos relacionados à fé, no último ano. Esses imóveis envolvem igrejas e residências de cristãos no país.
Aliás, houve novos registros de cristãos sequestrados, abusados física e psicologicamente, violentados sexualmente, presos sem julgamento e forçados a fugir de suas casas. A Nigéria ocupa a 7ª posição na LMP 2025.
A crescente violência observada pelo mundo também está causando uma crise de deslocamento, com milhões de cristãos sendo forçados a fugir de suas casas. Somente na África Subsaariana, 16 milhões de cristãos são obrigados a se transferir internamente por justificação da repressão por justificação da fé.
Aumento da perseguição na América Latina
No ano pretérito, a ditadura de Daniel Ortega, na Nicarágua, ganhou destaque na lista de perseguição por conta dos avanços violentos contra domínio católicas no país – muitos deixaram o território para evitar a prisão ou outras ações do regime. A Nicarágua manteve-se na 30ª posição da LMP.
No relatório mais recente, dois países chamaram a atenção por terem avançado em projetos de coibir manifestações cristãs: o regime de Cuba, comandado por Miguel Diáz-Canel, e o México, que acaba de trocar de presidente.
A crescente crise humanitária de Cuba levou o regime a adotar uma postura ainda mais autoritária sobre os cristãos, com novos incidentes violentos reportados, entre eles prisões indevidas, sequestros e abusos sexuais de cristãos.
Aliás, segundo a ONG, igrejas são vigiadas e encontram inúmeros obstáculos para funcionarem se não seguirem as condições impostas pela ditadura socialista. Também há denúncias de pastores e familiares sendo interrogados e sofrendo ameaças constantes por conta da fé professada. Essa verdade fez com que o país subisse da 26ª para a 22ª posição do novo ranking da Portas Abertas.
Já o México, que passou da 37º para o 31º posição na LMP, a situação de risco é dissemelhante, mas também preocupante.
O país não é regido por uma ditadura, mas enfrenta uma metódico pressão de grupos criminosos organizados, envolvidos principalmente com o narcotráfico.
O aumento da violência ocorre justamente pelo crescente controle imposto pelo violação organizado em todos os estados do país, que foi observado particularmente posteriormente o período eleitoral, marcado por inúmeros assassinatos. Essa dura verdade dificulta a realização de trabalhos religiosos nos diferentes estados mexicanos.
A pesquisa da Portas Abertas ainda relata “níveis preocupantes” de repudiação de minorias religiosas dentro de comunidades indígenas no México.
A Portas Abertas é uma organização cristã internacional fundada por um propagandista holandês em 1955 e que atua em mais de 60 países apoiando igrejas que sofrem perseguição.