A expectativa de preços mais firmes de produtos agropecuários utilizados na cesta básica deve pressionar a inflação de víveres neste ano. Carnes, moca e açúcar são as mercadorias que mais preocupam quanto à pressão inflacionária em 2025, segundo analistas de mercado.
Outras mercadoriasde forma consolidada, devem ter pressão intermediária sobre a inflação, assim uma vez que o leite. Enquanto isso, os grãos tendem a ter impacto neutro em virtude da perspectiva de preços estáveis.
O movimento tende a repetir o já observado no ano pretérito com uma inflação de víveres resistente, o que preocupa o governo em virtude da pressão sobre a inflação universal e, consequente, delonga no ciclo de galanteio de juros. Os números mais recentes divulgados pelo Instituto Brasílio de Geografia e Estatística mostram que os preços de víveres e bebidas aumentaram pelo quarto mês seguido.
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O grupo alimento & bebidas saiu de uma elevação de 1,34% em novembro para uma subida de 1,47% em dezembro. Essa elevação resultou numa taxa de 0,32 ponto porcentual para a taxa de 0,34% registrada pelo Índice Vernáculo de Preços ao Consumidor Largo 15 (IPCA-15) no último mês de 2024.
O principal impacto da aceleração da inflação de víveres deve vir das proteínas. É o que aponta a exegeta da Tendências Consultoria, Gabriela Faria, economista responsável por agropecuária e biocombustíveis.
“A inflação será impulsionada pelo aumento expressivo dos preços das carnes”, diz Gabriela. “Estimado em pelo menos 16,6% no valor pago ao produtor, com repasse à indústria e ao consumidor.”
De concordância com a economista, moca e açúcar também devem contribuir com uma inflação de víveres mais poderoso com produções limitadas. Em contrapartida, do lado dos grãos, o efeito dos preços sobre a inflação tende a ser neutro, sem expectativa de altas acentuadas nas cotações de soja e milho.
Mais projeções para a inflação de víveres

A Tendência Consultoria projeta aumento de 9,1% no IPCA de víveres de 2024 e de 6,2% para levante ano, com viés de subida. Gabriela cita o óleo de soja, algumas mercadorias e o leite uma vez que itens de atenção quanto a potencial inflacionário neste ano. Conforme a empresa, hortaliças, frutas e verduras, que têm maior suscetibilidade a variações climáticas e peso relevante na cesta básica, devem seguir o mesmo caminho.
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O momento atual é de atenção também sobre o desenvolvimento das lavouras de hortifrútis, afetadas pela seca histórica do ano pretérito. É o que aponta o gerente da consultoria agro do Itaú BBA, Cesar de Castro Alves.
“É preciso observar o acumulado de chuvas nos próximos dois meses e os efeitos sobre a produção de hortifrútis”, destaca Alves, “Apesar da rápida recuperação das lavouras, podem ter pressão momentânea sobre inflação em caso de perdas nas lavouras”.
Ele concorda com os demais analistas de que as proteínas e as mercadorias são os produtos mais preocupantes quanto à pressão inflacionária. “A alta do café ainda não foi repassada ao varejo e poderemos ter novas máximas históricas”, observa Alves. “Dos produtos básicos, o trigo vai depender muito do dólar, já o arroz tende a ter uma ótima safra e o feijão deve ficar com produção dentro da média.”
O sócio-diretor da consultoria MB Agro, José Carlos Hausknecht, diz que o câmbio será determinante para a inflação de víveres neste ano. “Se o dólar se mantiver acima de R$ 6, a pressão sobre a inflação de alimentos será maior levando a uma política monetária mais restritiva”, afirma. “Do ponto de vista fiscal, o mercado não vê firmeza nas medidas do governo, o que gera incerteza, e somado aos preços sustentados de commodities agrícolas reflete em maior pressão sobre inflação.”
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Revista Oeste, com informações da Escritório Estado