Durante a era Obama, um dos temas populares entre os marxistas era o do “realismo capitalista”. Desenvolvido em profundidade pelo falecido Mark Fisher em seu livro de 2009 Capitalist Realism: Is There No Alternative? (assim porquê pelo provocador marxista esloveno Slavoj Žižek), o realismo numulário sugere que, no século XXI, não unicamente não há mais escolha ao capitalismo, mas é difícil, senão impossível, até mesmo imaginar a existência de um sistema dissemelhante do capitalismo. No entanto, 2009 parece estar muito distante. Nos Estados Unidos, vimos a subida e queda de Obama, a subida, queda e retorno de Trump, e o longo inverno de confusão durante e depois a COVID. Nesse meio-tempo, surgiram, nos Estados Unidos, à direita os movimentos da Novidade Direita, os pós-liberais e os integralistas, enquanto à esquerda, desiludida pelo trumpismo e frustrada pelo que considera uma traição do governo Biden e a coroação antidemocrática de Kamala Harris, está silenciosamente reconsiderando formas alternativas de progressismo.
Muitos à direita veem um novo transe nas Big Techs, que, por meio das redes sociais, capturaram os corações, mentes (e bolsos) do mundo, engajando-se em uma forma de engenharia social e increpação que cada vez mais se assemelha às políticas do Partido Comunista Chinês. Presume-se geralmente, entre os conservadores, que a esquerda é apaixonada pelas Big Techs, que, até a compra do Twitter (agora X) por Elon Musk, possuíam uma marca decididamente progressista. No entanto, o economista heleno de esquerda e ex-político Yanis Varoufakis, em sua obra mais recente Technofeudalism: What Killed Capitalism, apresenta uma sátira incisiva às Big Techs, que Varoufakis, curiosamente, identifica porquê uma força que pode não unicamente erradicar a exclusividade representada pelo realismo numulário, mas destruir o capitalismo porquê o conhecemos.
Baseando-se em uma variedade de mitos e anedotas de seus ancestrais gregos antigos, Varoufakis argumenta que, assim porquê o mundo mediterrâneo foi transformado pela introdução do ferro (imortalizado por Hesíodo no mito das “Cinco Eras”), nosso mundo também está entrando em uma novidade era. Assim porquê o ferro destruiu a Idade do Bronze (com ferramentas de ferro colidindo contra instrumentos de bronze mais frágeis), a era do dedo está substituindo o capitalismo fordista industrial da era eletrônica tardia. A Idade do Ferro, assim porquê a nossa era do dedo, também mudou a forma porquê o tempo era veterano, acelerando o processo de desenvolvimento tecnológico.
Varoufakis identifica seu método porquê marxista, mas suas políticas porquê social-democratas. Ele reconhece que o triunfo do capitalismo liberal ocidental americano com a queda da União Soviética não representou unicamente o termo do comunismo totalitário, mas também das social-democracias. Os anos 1990 foram marcados pelos Clintons e pelos Blairs, que criaram uma forma de capitalismo “proto-woke”, combinando políticas econômicas liberais com o estado de bem-estar social e o que, na estação, era sabido porquê “correção política”. Um dos principais objetivos de Varoufakis em Technofeudalism é reviver um esquerdismo libertário, que ele associa a vários movimentos de direitos civis dos séculos XIX e XX. Ele argumenta que os regimes totalitários dos séculos XX e XXI associaram a esquerda e o marxismo quase exclusivamente a regimes comunistas opressores.
Assim porquê o ferro destruiu a Idade do Bronze, a era do dedo está substituindo o capitalismo fordista industrial da era eletrônica tardia
Uma vez que outros pensadores de esquerda, Varoufakis apresenta uma leitura marxista do desenvolvimento do capitalismo. Ele observa que o capitalismo sofreu uma mudança marcante em meados do século XX — de simplesmente fornecer bens e serviços para a manipulação do libido humano. Combinado com o poder da publicidade, o capitalismo passou a manipular emoções e a “fabricar” desejos de forma muito poderosa. Varoufakis dá o exemplo do famoso “pitch do Hershey Bar” de Don Draper em Mad Men, no qual se nota que Hershey’s não está unicamente vendendo chocolate, mas oferecendo uma profunda experiência de nostalgia. Assim, Don Draper, apesar de ser um personagem suposto, representa uma novidade forma de capitalismo fundamentado em informações. Ele também simboliza o paradoxo do capitalismo, que, segundo Varoufakis, tende a mercantilizar toda a existência. No entanto, algumas coisas precisam permanecer fora da mercantilização porquê “experiências” que o capitalismo pode oferecer. O Hershey Bar, na visão de Varoufakis, agora é o “simulacro” ou símbolo de outro valor que não pode ser obtido ou mercantilizado.
À medida que ele chega ao desenvolvimento da “Era da Publicidade” de Don Draper, Varoufakis narra um capitalismo impulsionado pela tecnologia. A eletricidade de Thomas Edison deu vida ao capitalismo no início do século XX e levou aos Anos Loucos (Roaring Twenties), culminando na quebra da bolsa em 1929. FDR introduziu nos EUA o estado de bem-estar social e elementos do socialismo democrático com o New Deal. Segundo Varoufakis, o New Deal criou uma relação entre o governo e as grandes empresas que produziu maravilhas porquê o Projeto Manhattan e a propulsão a jato, mas também criou a “porta giratória” entre grandes empresas e o governo, um fenômeno tradicionalmente criticado tanto pela direita quanto pela esquerda. As enormes corporações formadas durante a Segunda Guerra Mundial constituíram o que Varoufakis, inspirado por John Kenneth Galbraith, labareda de “tecnoestrutura”, assim porquê o sistema de Bretton Woods.
Durante meados do século XX, a tecnoestrutura desenvolveu uma utensílio extremamente poderosa: o que Varoufakis labareda de “televisão mercantilizada”. A televisão mercantilizada baseia-se na realização de que a atenção dos espectadores pode ser comercializada, explorada e vendida a anunciantes. Assim surgiu o mundo de Don Draper e dos executivos de publicidade. No entanto, Varoufakis observa que a classe média americana não era grande o suficiente para gerar lucros exclusivamente. Uma vez que resultado, Japão e Europa foram integrados à economia americana, vinculando suas moedas ao dólar.
Varoufakis admite que esse foi o “auge dourado do capitalismo”, encerrado pelo “Choque Nixon” de 1971 — o termo do padrão-ouro. O Choque Nixon, segundo Varoufakis, deu início a uma era de especulação financeira, que ele labareda de “Minotauro Global” e que outros pensadores chamaram de globalização ou financeirização. Esse Minotauro Global era fundamentado no consumo e na dívida americanos — muito porquê na “reciclagem” da dívida global. Embora o Choque Nixon tenha, em notório nível, sido um sucesso, e o dólar tenha se renovado, esse sucesso foi possibilitado pelo neoliberalismo, ou pela ruína das estruturas sociais-democráticas anteriores, assim porquê pelo computador pessoal, que permitiu processos financeiros rápidos e complexos em larga graduação. Segundo Varoufakis, o Minotauro Global foi mortalmente ferido (mas não morto) no colapso do mercado de ações em 2008.
O capitalismo estava enfraquecido, mas não derrotado, em 2008. Agora, no entanto, ele está ameaçado por um novo sistema econômico possibilitado pela tecnologia definidora do século XXI: a digitalização. Esse novo sistema econômico e social é o que Varoufakis labareda de “tecnofeudalismo” ou “capitalismo de nuvem”. Varoufakis usa outro exemplo da cultura e história grega para ilustrar seu ponto: a chegada dos dórios e o estabelecimento de um sistema feudal na Grécia antiga. O tecnofeudalismo e o capitalismo de nuvem são fundamentalmente mais restritivos à liberdade do que o capitalismo não foi. Citando exemplos porquê Alexa e Google AI, Varoufakis observa que os novos capitalistas da nuvem conseguem monitorar, controlar e fabricar desejos de formas que Don Draper e os executivos de publicidade do século XX não poderiam imaginar. Os capitalistas da nuvem, porquê Google, Amazon e as redes sociais, vendem informações de usuários para outras empresas, que bombardeiam esses usuários com anúncios. Outrossim, os capitalistas da nuvem possuem os servidores nos quais grande secção dos negócios globais é transacionada. Ao contrário das formas anteriores de capitalismo, a internet está se tornando cada vez mais controlada e restrita, e os negócios agora são meros inquilinos que possuem feudos dos capitalistas da nuvem. Varoufakis observa que a novidade internet monetizada é um declínio em relação aos seus primeiros dias, quando a web era um espaço de compartilhamento e divulgação gratuita de informações e bens.
Em Technofeudalism: What Killed Capitalism, Varoufakis apresenta um aviso ao leitor que, porquê muitos de seus exemplos, é derivado da mitologia de Hesíodo: a tecnologia traz Nêmesis, ou punição divina dos deuses. No contexto contemporâneo, há um sentimento universal de que a tecnologia sobrecarregou os humanos, e Nêmesis já chegou. É um tema dominante que as mídias sociais e o uso excessivo de telas foram catastróficos para o desenvolvimento emocional e mental das gerações passadas. Outrossim, os humanos estão mais solitários e miseráveis do que nunca. Em Technofeudalism, Yanis Varoufakis estende uma mão amiga aos libertários conservadores. O livro também levanta questões importantes sobre a natureza da liberdade e da ordem social em uma era na qual tanto a direita quanto a esquerda estão se movendo em direções autoritárias.
O século XX testemunhou o desmantelamento das grandes monarquias funcionais do mundo na Áustria, Alemanha e Rússia (e mais tarde no Japão), muito porquê a breve subida e queda dos movimentos socialistas de direita na Alemanha, Itália, França (em certa medida), Espanha e Portugal. Também viu a longa Guerra Fria e o eventual colapso do comunismo soviético. De aproximadamente 1990 até pelo menos 2008, parecia que o capitalismo liberal democrático era a única opção — o termo da história.
No entanto, uma série de movimentos na direita propuseram formas de socialismo (ainda que moderadas) e autoritarismo. Embora esses grupos frequentemente olhem para modelos medievais e do século XIX (porquê os trazidos à vida por Bismarck e Napoleão), porquê Varoufakis observa (e Michel Foucault já havia notado antes dele), a tecnologia contemporânea nas mãos de um regime dominador mal-intencionado teria consequências horríveis (porquê tem ocorrido na China comunista e, em menor graduação, no Poente).
O que se precisa hoje é de uma conversa genuína sobre a natureza da liberdade e uma história sóbria do capitalismo que aponte seus méritos e falhas. Não há incerteza de que a tecnologia do dedo contemporânea teve efeitos deletérios, principalmente nos jovens. No entanto, porquê Varoufakis observa, as eras da história vêm e vão, e sempre há esperança de uma novidade era que veja não uma tecnologia onívora escravizando e devorando tudo em seu caminho, mas uma utensílio das quais uso seja informado pela virtude e pelo objetivo do florescimento humano.
Jesse Russell é repórter e responsável em diversas publicações norte-americanas, incluindo Law and Liberty, The New Criterion e The American Conservative.
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