Nos anos 1980, um movimento dos 13 grandes clubes brasileiros, o Clube dos 13, se contrapôs à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e criou um campeonato próprio, a Despensa União.
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Quase 40 anos depois, o país vive um novo quadro e não conseguiu formar uma liga única que reunisse as principais agremiações do futebol. Foi esse motivo, aliás, que provocou, no início dos anos 2000, o termo do Clube dos 13.
Por divergência em relação à distribuição dos valores, a partir de 2022 foram formadas duas ligas: a Liga do Futebol Brasiliano (Libra) e a Liga Possante União (LFU), uma dissidência que começou com o nome Liga Possante Futebol (LFF).
As negociações se tornaram complicadas, cheias de dificuldade por culpa da repudiação dos clubes em definirem um consonância que pudesse visar ao futebol uma vez que um todo. E não se apegar exclusivamente aos próprios interesses.
“Os clubes perdem receita com esta divisão”, afirma a Oeste o jornalista e consultor de marketing esportivo, Erich Beting, fundador do site Máquina do Esporte. “O campeonato perde força e o futebol, no fim das contas, perde espaço com o público. Quanto mais separada for a negociação de direitos, mais difícil será conseguir aumentar a receita.”
Às negociações com as ligas, será levada em conta a Lei do Mandante, aprovada em 2021, Por ela, cada clube tem o recta de negociar individualmente as transmissões de suas partidas uma vez que mandante.
A novidade legislação é um complicador, neste momento, para a transmissão de jogos do Brasileirão para o exterior, uma manancial de renda muito importante nas ligas mais desenvolvidas. “Cada clube passou a ser responsável pelo seu próprio destino”, destaca o consultor.
“Como não há unidade de negociação, ninguém se aventura a tentar vendê-los. Mundialmente as ligas negociam com agências intermediárias que vendem os direitos. aqui, como a agência precisa negociar com 20 clubes para ter todos os direitos, ela desiste do negócio.”
Para os torcedores, também consumidores, a ramificação em duas ligas os obrigará a continuamente verificar quais emissoras ou plataformas detêm os direitos de transmissão dos jogos específicos de seus clubes, em função deles estarem na Libra ou na LFU.
“Hoje, no mundo, só 12 países adotam esse sistema de venda de direitos”, prossegue Beting. “E Portugal vai abolir a partir de 2027. É um modelo que deu errado no mundo todo. E o Brasil, que tinha a legislação mais avançada do mundo, retrocedeu.”
Tal perda, segundo ele, tem sucedido nos últimos 15 anos, desde que o Clube dos 13 foi implodido e se acelerou desde 2020, quando a Lei do Mandante foi, primeiro, promulgada em forma de Medida Provisória e, no ano seguinte, aprovada.
Porquê está a ramificação dos clubes
Da Série A, a Libra conta com os seguintes clubes: Flamengo, São Paulo, Palmeiras, Atlético-MG, Bahia, Grêmio, Red Bull Bragantino, Santos e Vitória. Na Série C, estão o ABC e o Guarani. Da Série D, o integrante é o Sampaio Correia.
A LFF e o Grupo União, fundados em 2022, se fundiram e criaram a LFU em 2023. A ingressão do Corinthians na LFU deu maior peso aos valores recebidos pelo grupo.
Para a equipe paulista, foi uma maneira de receptar um percentual maior, em função de seu patamar de audiência, sem a urgência de ramificação com outro clube muito popular, o Flamengo.
Os integrantes da LFU na Série A são os seguintes: Corinthians, Internacional, Cruzeiro, Fluminense, Vasco, Athletico, Atlético-GO, Botafogo, Fortaleza, Cuiabá, Criciúma e Juventude.
Da Série B, integram o Atlético-GO; Athletico; Amazonas; América-MG; Avaí; Botafogo-SP; Chapecoense; Criciúma; Cuiabá; CRB; Goiás; Novorizontino; Operário e Vila Novidade.
Pela Série C, fazem secção da LFU: CSA; Figueirense; Ituano; Londrina; Náutico; Ponte Preta; Tombense.
Porquê são os valores distribuídos em cada liga
O Grupo Orbe firmou um contrato com a Libra em março deste ano, para a transmissão do Brasileirão entre 2025 e 2029. O consonância garante exclusividade à emissora em todas as plataformas (TV ocasião, TV fechada, streaming e PPV) neste período.
A saída do Corinthians da Libra reduziu o valor a ser inicialmente pago. O contrato inicial iria direcionar R$ 1,3 bilhão por ano aos clubes. Sem o Corinthians, a quantia passou para R$ 1,17 bilhão por ano, entre 2025 e 2029. Haverá um golpe de 11% caso o número de clubes do grupo na Série A seja subordinado a nove.
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A ramificação dos valores é que foi a base para a formação das ligas. Na Liga Libra, ficou definido que 40% serão pagos de forma igualitária; 30% conforme a posição na tábua e outros 30% com base no apelo mercantil (audiência e engajamento).
Na LFU, os clubes irão vender 20% de seus direitos comerciais do Brasileirão, válidos por 50 anos, para investidores do conjunto. A quantia será descontada anualmente das receitas totais. E exceção é o Corinthians, que não vendeu os 20% e irá receber a sua quota totalidade na ramificação. A Libra não firmou levante tipo de consonância.
A ramificação do totalidade será da seguinte forma: 45% de forma igualitária; 30% em função da colocação na tábua e outros 25% baseados no apelo mercantil (audiência e engajamento).
“Os argumentos para a formação de duas ligas são os mais variados, não dá para dizer que um lado está certo ou não”, observa o consultor Beting. “Existe desde divisão de receitas até mecanismo de ‘ajuda’ a clubes grandes, repartição da verba para times da Série B, entre outros.”
Grade de programação complicada
A partir de 2025, as transmissões do Campeonato Brasiliano serão diretamente impactadas pela ramificação. A grade de programação, com isso, ficará muito mais complicada.
A Libra firmou contrato com o Grupo Orbe, que detém os direitos de transmissão das partidas dos clubes membros em todas as plataformas: TV ocasião, TV fechada, internet, transmissão e pagamento por visualização.
Já a TV Record fechou com a LFU. Serão transmitidos 38 jogos por temporada na TV ocasião, durante o período de 2025 a 2027.
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Para Beting, o novo protótipo não é tão prejudicial ao Grupo Orbe. Segundo ele, a emissora ainda não se deparou com um concorrente à profundeza.
“Há quase dez anos que a Globo mudou a maneira de negociar os direitos”, ressalta o fundador da Máquina do Esporte. “E, depois da pandemia, a empresa passou a ser ainda mais pragmática.”
Beting afirma que a Orbe não se preocupa em não ter a exclusividade totalidade da transmissão e aproveita a fragilidade trazida pela Lei do Mandante para remunerar cada vez menos pelos direitos.
“Há cinco anos que o Brasileirão não consegue aumentar os valores pagos pelos direitos de mídia. E não aumentará agora pelos próximos cinco anos, pelo menos. Simplesmente porque não há uma grande concorrência no mercado.”
A LFU, por meio da filial Livemode, pulveriza os direitos de transmissão na procura de aumentar as receitas, negociando pacotes por jogos. Os valores, ainda negociados, podem gerar R$ 1,7 bilhão ao ano com as imagens, a ser distribuído entre os clubes.
Livemode também negociou jogos da LFU para serem transmitidos em outras plataformas. No YouTube, a CazéTV transmitirá gratuitamente 38 jogos por temporada, correspondentes às mesmas partidas exibidas pela Record, entre 2025 e 2027.
Já o Amazon Prime Video também adquiriu os direitos de transmissão de 38 jogos por temporada, diferentes dos exibidos pela Record e YouTube, para o período de 2025 a 2029.