Em uma era dominada por dicotomias ferozes, o cenário político atual transforma-se em uma estádio de acusações recíprocas, onde aqueles que se autodenominam defensores da liberdade, sob a bandeira da esquerda, erguem seus dedos em tom acusatório contra seus oponentes ideológicos, rotulando-os indiscriminadamente de fascistas. Esse hábito, enraizado numa ânsia de validar a própria moralidade, ignora o paradoxo trágico que permeia essa narrativa: tanto o comunismo quanto o fascismo e o nazismo são expressões de um mesmo impulso totalitário, que, embora por caminhos distintos, convergem na convergência do poder e na aniquilação do tipo em prol de um ideal coletivo.
Isso porque, a despeito dos discursos e dos símbolos, essas doutrinas, na prática, utilizam o mesmo firmamento de autoritarismo e supremacia do Estado para justificar uma ordem absoluta, onde a liberdade é relegada a um projecto secundário, substituída por um projeto coletivo intransigente que se impõe uma vez que a verdade única. A diferença reside unicamente na estética e nos argumentos superficiais que cada uma dessas ideologias apresenta; mas, no íntimo, fascismo, comunismo e nazismo compartilham a mesma disposição em sacrificar a autonomia individual e a pluralidade, traindo as promessas de liberdade e paridade ao subordinar o tipo ao esplendor do Estado.
No termo das contas, comunismo, fascismo e nazismo são faces distintas de uma mesma moeda: são expressões do libido de convergir o poder, varar a diferença e instituir uma ordem que desconsidera o valor do tipo
Bom, ao se firmarem uma vez que porta-vozes de uma moralidade revolucionária, muitos adeptos de ideologias de esquerda assumem a postura de juízes, atribuindo ao outro lado uma natureza essencialmente tirânica e fascista, uma vez que se a núcleo do mal residisse exclusivamente em seu oponente. No entanto, ao apontarem o dedo e nomearem os outros uma vez que inimigos da liberdade, esses indivíduos esquecem que as ideologias que defendem também trazem consigo o peso de histórias marcadas pela violência, pela repressão e pela negação das liberdades mais básicas.
Essa tendência de desumanizar o rival é, em núcleo, uma instrumento de controle, que projeta no outro aquilo que não se deseja enxergar em si mesmo. Quando o oração do “bem contra o mal” toma forma, é fácil relegar ao inimigo a personificação de tudo o que é desprezível, afastando-se da possibilidade de autocrítica e perpetuando uma narrativa que ignora as semelhanças estruturais entre as ideologias. Tal uma vez que o mito de Narciso, os autointitulados guardiões da liberdade, em sua preocupação por diferenciar-se, acabam sendo consumidos pela imagem de sua própria virtude, refletida no espelho das suas acusações. Assim, o resultado é uma fanatismo trágica, onde o inimigo passa a ser uma projeção profíquo dos próprios vícios, uma externalização dos impulsos autoritários que residem latentes em todas as ideologias totalitárias.
Ao desprezar as próprias contradições, o oração da esquerda e do comunismo que demoniza a direita uma vez que fascismo ou nazismo sem honrar nuances e contextos, transforma-se numa versão moderna do tribunal inquisitorial, onde qualquer oposição é tratada uma vez que heresia política. Esse reducionismo ideológico obscurece a verdade fundamental de que todas as ideologias totalitárias compartilham a mesma estrutura de poder e repressão, independentemente de suas bandeiras.
No comunismo, a promessa de uma sociedade igualitária muitas vezes resultou na imposição de um regime em que a dissidência era sufocada e o tipo subsumido ao coletivo; no nazismo e no fascismo, o tipo também é refutado, o poder concentrado, e a divergência, obliterada. Por sua vez, o fascismo, assim uma vez que o comunismo, encontra sua sustentação na exaltação de um coletivo integral e de um governo medial que detém o poder sobre todos os aspectos da vida humana. Todas essas vertentes, ao final, negam a multiplicidade e a liberdade individual, em nome de uma ordem supostamente ideal.
Portanto, essa dinâmica polarizada de acusações e julgamentos entre esquerda e direita nos revela, na verdade, uma peça de teatro trágico, onde cada lado procura justificar sua narrativa e seu controle sobre a veras. O hábito de acusar o outro lado de fascismo, uma vez que se o mal estivesse unicamente do lado oposto, é uma forma de evitar o confronto com as próprias imperfeições e de manter uma postura de superioridade moral, ignorando a vexação praticada em nome do próprio ideal.
Essa postura recorre a uma lógica maniqueísta que, ao simplificar a complicação da política e da sociedade, fomenta o ódio e a segregação. Cada lado se fortalece na negação do outro, e o resultado é a exiguidade de diálogo, a geração de um envolvente onde a variação de pensamento é continuamente ameaçada. Na procura por varar o “inimigo”, cada ideologia totalitária se vê reduzida a um mesmo termo: o esmagamento do tipo sob o peso de uma verdade única imposta, ainda que sob discursos de liberdade e justiça social.
No termo das contas, comunismo, fascismo e nazismo são faces distintas de uma mesma moeda: são expressões do libido de convergir o poder, varar a diferença e instituir uma ordem que desconsidera o valor do tipo. Assim, a tragédia reside no indumentária de que essa luta incessante entre esquerda e direita, ao invés de promover a variação e a democracia, reforça o ciclo de controle e uniformidade. Deste modo, a criminação ordenado de “fascismo” torna-se, assim, um instrumento de dominação que permite à esquerda autoritária evitar a responsabilidade histórica de seus próprios excessos.
O tipo moderno, bombardeado por essas acusações e recluso em um cenário de subdivisão, vê-se obrigado a escolher um lado sem perceber que, no final, o dispêndio de sua escolha pode ser sua própria liberdade. Por termo, é uma vez que se estivéssemos todos em um grande coliseu uma vez que gladiadores, onde cada lado aponta para o outro com desdém e ódio, sem se dar conta de que ambos compartilham a mesma núcleo totalitária e a mesma disposição em transformar a sociedade em um revérbero da sua própria visão estreita e inflexível.
Maria Eduarda dos Santos Vargas, graduanda em Recta, é diretora de Informação do Instituto Atlantos e integra a gestão do grupo de estudos Lei & Liberdade na FMP.
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