Faz um ano que Javier Milei foi eleito presidente da Argentina, com 15 milhões de votos, a maior votação da história do país. Desde logo, Milei procura implementar uma agenda de livre mercado para enfrentar décadas de estagnação econômica e colapso institucional. Os primeiros sinais de melhora já aparecem porquê a desaceleração da inflação e o progresso no estabilidade fiscal.
Hoje, embora a pobreza ainda atinja níveis críticos, culpar as políticas do atual governo ignora o legado de desastres econômicos acumulados por sucessivas administrações. As medidas iniciais de Milei, porquê a preâmbulo do mercado cambial e a redução de subsídios deficitários, começam a mostrar resultados. Embora longe de uma recuperação totalidade, os indicadores apontam para uma economia que, pela primeira vez em anos, ensaia uma estabilização concreta.
Depois anos de declínio, com uma moeda desmoralizada no cenário internacional, o país se encontra em um ponto de viradela. Cabe a Javier Milei resistir às pressões de um populismo profundamente enraizado e perseverar nas reformas que podem, enfim, colocar a Argentina de volta nos trilhos
Um dos sinais mais concretos dessa mudança é a desaceleração da inflação. Em outubro, a taxa mensal caiu ao menor nível em quase três anos. Embora a inflação anual ainda esteja em 193%, um número alarmante, a consolidação de uma tendência de queda é inegável. Esse progresso é resultado direto de uma política monetária mais rigorosa e de um compromisso firme com a disciplina fiscal, indicando que o governo começou a brigar de forma efetiva um dos maiores entraves históricos ao desenvolvimento econômico prateado. A inflação atingiu um pico histórico antes de iniciar sua trajetória de desaceleração, evidenciando o impacto das medidas recentes para moderar a crise.
O câmbio paralelo, espargido porquê “dólar blue”, também começou a mostrar sinais de estabilização. A chamada “brecha cambiaria” — a diferença entre o câmbio solene e o paralelo — atingiu seu menor nível em anos, indicando um início de convergência. Simultaneamente, o governo tem adotado uma estratégia de desvalorização controlada do câmbio solene, limitada a 2% ao mês, com o objetivo de preparar a economia para a unificação cambial. A eventual eliminação do toro cambial poderá trazer o peso prateado a um novo patamar de estabilidade, encerrando a fragmentação cambial que há anos compromete a competitividade e a transparência econômica do país.
Outro destaque do governo Milei é o progresso no estabilidade fiscal. Pela primeira vez em anos, a Argentina registrou um superávit fiscal por dez meses consecutivos, mesmo ao incluir os custos com os juros da dívida pública. Esse resultado reflete uma política de controle rigoroso das despesas, indispensável para frear a emissão excessiva de pesos, principal combustível da inflação crônica. O progresso na austeridade fiscal é claramente visível nos dados mais recentes, que mostram a reversão de anos de déficits contínuos.
Os impactos das reformas internas já começam a se refletir no cenário extrínseco. O risco-país, indicador que mede a crédito dos investidores internacionais, caiu para o menor nível desde a posse de Milei. Em 2024, a Argentina se destacou na América Latina, liderando a redução desse índice com uma impressionante queda de mais de 50%. A queda no risco-país reflete o otimismo do mercado sobre a capacidade do governo de emendar desequilíbrios econômicos e atrair investimentos estrangeiros.
O governo avançou em medidas para desmantelar o protecionismo que por décadas estrangulou o mercado prateado. Entre as ações, se destaca o aumento do limite de importações para US$ 3 milénio e a isenção de tributos para produtos de uso pessoal de até US$ 400. Essas mudanças ampliam o chegada da população a bens de consumo e fomentam a concorrência interna, resultando em maior eficiência e preços mais competitivos.
É inegável que o nível de pobreza na Argentina permanece alarmante, exigindo respostas urgentes. No entanto, atribuir essa situação às políticas atuais ignora décadas de populismo econômico que devastaram a estrutura da economia. Medidas porquê controle sintético de preços, manipulação cambial e gastos públicos insustentáveis empurraram o país para um ciclo de crises recorrentes. As reformas promovidas por Milei, embora dolorosas, representam o único caminho viável para virar esse cenário e reconstruir um país economicamente quebrado.
Os dados confirmam uma melhora nos principais indicadores econômicos: a inflação segue em queda, o câmbio demonstra sinais de estabilização, o superávit fiscal alcançou níveis inéditos, e o risco-país continua a recuar. Para solidar esse progresso, Javier Milei deve se manter firme na emprego das reformas necessárias, mesmo diante de sua provável impopularidade no pequeno prazo.
Com as reformas corretas, a Argentina pode superar a crise e restaurar sua relevância econômica no cenário global. Depois anos de declínio, com uma moeda desmoralizada no cenário internacional, o país se encontra em um ponto de viradela. Cabe a Javier Milei resistir às pressões de um populismo profundamente enraizado e perseverar nas reformas que podem, enfim, colocar a Argentina de volta nos trilhos do desenvolvimento e da firmeza.
Leonardo Chagas é formado em relações internacionais pela UFRGS e consultor de investimentos CVM, especializado em gestão de patrimônio no Brasil e no exterior. É membro do Parecer do Instituto Atlantos e do Parecer Gestor da Rede Liberdade.
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