A reabertura da Notre-Dame, neste sábado, 7, que reuniu em Paris dezenas de chefes de Estado e o presidente eleito dos Estados Unidos, era para ser a divinização de Emmanuel Macron. Mas é um constrangimento dissimulado pelo presidente gálico.
A semente do caos que ele plantou no meio do ano, ao antecipar as eleições legislativas depois que seu partido foi humilhado nas eleições europeias, germinou em terreno fértil, uma vez que era imprevisível unicamente para ele.
Emmanuel Macron alegou que queria ouvir a voz dos franceses, apostando estranhamente que manteria a maioria na Câmara Pátrio, ainda que relativa, e quebrou a rosto.
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Hoje, a França é um país conflagrado, com um presidente fraco, que precisou ir à TV para expor que não renunciaria, sem governo, desprovido de orçamento fechado para o ano que vem, afundado em déficit estatal crescente e com uma dívida pública que já é a segunda da Europa, depois da italiana, em porcentagem do PIB — só que a Itália está fazendo a prelecção de morada, ao contrário da França.
Mais: Emmanuel Macron foi apunhalado pela comissária europeia Ursula von der Leyen, que correu para anunciar em Montevidéu a finalização do conformidade mercantil com o Mercosul, apesar da oposição do país que é um dos pilares da União Europeia, ao lado da Alemanha.
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A comissária se aproveitou da carência de governo em Paris, visto que o primeiro-ministro Michel Barnier foi derrubado na quarta-feira e ainda não há substituto, para agir nas costas do presidente gálico — que lhe disse pelo telefone, pego de surpresa pela viagem de Ursula von der Leyen pouco antes de ela embarcar para o Uruguai, que o conformidade era “inadmissível”.
O proclamação do conformidade acrescenta outra tonelada de problemas para o presidente da França. Os agricultores franceses, que não querem saber da concorrência de Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai na sua seara, devem intensificar os protestos às vésperas do Natal.
A crise política também deverá se aguçar, mas Emmanuel Macron talvez consiga usar o momento ruim a seu obséquio e persuadir segmento da oposição de que restabelecer logo alguma segurança na França é vital para impor a vontade do país na União Europeia.
Hoje, ele tenta atrair os socialistas que fizeram coalizão com os extremistas de esquerda para as eleições legislativas. A sua teoria é formar uma maioria absoluta que reúna os socialistas e republicanos (centro-direita) aos macronistas.
O tempo urge. A França quer que o conformidade com o Mercosul seja tratado uma vez que associação político-comercial com um conjunto estrangeiro. Neste caso, seria necessária a unanimidade dos 27 países no Recomendação da União Europeia, com a aprovação dos parlamentos nacionais. Ou seja, o conformidade não seria ratificado.
Para viabilizar a ratificação, mas, a União Europeia deve separar o paisagem mercantil do político, retirando do conformidade o seu caráter associativo, assim uma vez que fez com relação ao Canadá. Bastaria, assim, a aprovação de uma maioria qualificada. Ou seja, a concordância de 55% dos 27 países, desde que representem 65% da população do conjunto, antes de a coisa seguir para a chancela final pelo parlamento europeu.
Em tal cenário, para impedir que o conformidade seja ratificado, a França precisa formar uma minoria de, ao menos, 4 países que somem 35% da população da União Europeia. Ela não atingiu esse objetivo para travar o conformidade com os canadenses.
A diplomacia francesa vem trabalhando em prol da formação da minoria de blocagem há qualquer tempo. A Polônia já disse que é contra o conformidade com o Mercosul; a Itália pende também para expor um não definitivo, mas ainda é um ponto de interrogação.
A instabilidade política joga muito contra a França e em prol da Alemanha, país exportadora que espera restabelecer no Mercosul segmento das vendas de manufaturados que perdeu na Rússia e na China — e que encontrará mais dificuldades no mercado americano, depois da posse do protecionista Donald Trump. Na verdade, até os industriais franceses veem o conformidade com o Mercosul com bons olhos, mas se calam diante da força dos agricultores do seu país.
Na reabertura da Notre-Dame, para além de ter de dissimular o seu constrangimento, Emmanuel Macron precisará rezar bastante e segurar na mão de Deus.