O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) desembarcou em Brasília no prelúdios desta semana com objetivo de discutir qual será a risca de resguardo adotada no questionário sobre a suposta tentativa de golpe de Estado. Além de encontros com advogados, a expectativa é de que ele se reúna ao longo dos próximos dias com lideranças políticas mais próximas.
A movimentação acontece logo depois o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federalista (STF), retirar o sigilo do relatório da Polícia Federalista que pede o indiciamento de Bolsonaro e de mais 36 pessoas. A partir de agora, o documento ficará sob estudo da Procuradoria-Universal da República (PGR), que vai resolver se oferecerá denúncia contra os envolvidos.
Nesta terça-feira (26), a resguardo do ex-presidente informou que solicitou a transcrição das mais de 800 páginas do relatório da investigação. Bolsonaro estava em Alagoas e foi de lá que ele recebeu, na semana passada, a confirmação de que seu nome estava entre os indiciados pela Polícia Federalista por tentativa de golpe de Estado.
Antes disso, o ex-presidente também acompanhou de Alagoas, na terça-feira (19), a Operação Contragolpe da PF que mirou o general da suplente Mario Fernandes, outros três militares e um policial federalista, suspeitos de fazer um projecto para executar Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes ainda em 2022.
Aos seus interlocutores, o ex-presidente nega qualquer envolvimento no caso e admitiu que o indiciamento já era esperado por sua resguardo. Já ao desembarcar na capital federalista, Bolsonaro afirmou ter estudado todas as medidas possíveis dentro das “quatro linhas” da Constituição e que nunca houve, da sua secção, discussão para um golpe de Estado no país depois a eleição presidencial de 2022.
“Não levei para frente. Até para estado de defesa. Não convoquei ninguém e não assinei papel. Eu procurei saber se existia alguma maneira na Constituição para resolver o problema. Não teve como resolver, descartou-se”, disse o ex-presidente.
Ao ser perguntado sobre qual seria o “problema” a ser resolvido, Bolsonaro afirmou que “tinha insatisfação no Brasil”. Ele também ressaltou não ter conhecimento sobre o suposto projecto de golpe. “Golpe? Zero. A palavra golpe nunca esteve no meu dicionário”, completou.
Bolsonaro quer manter influência com líderes da direita em Brasília
Confira:
A expectativa a partir de agora, segundo integrantes do PL, é de que Bolsonaro dedique secção da sua agenda para se tutorar das acusações apresentadas no questionário. Uma das estratégias dos aliados do ex-presidente vai ser justamente questionar o ministro Alexandre de Moraes, que é o relator do caso no STF.
Em seguida uma eventual denúncia por secção da PGR, caberá ao ministro do STF conduzir o julgamento na Incisão. “O ministro Alexandre de Moraes conduz todo o inquérito, ajusta depoimentos, prende sem denúncia”, acusou o ex-presidente depois o pedido de indiciamento.
Bolsonaro fez uma referência ao juiz instrutor do gabinete de Moraes no STF, Airton Vieira, que teria pedido para o perito Eduardo Tagliaferro, na quadra funcionário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), usar a “criatividade” contra a Revista Oeste em um relatório da Assessoria Peculiar de Enfrentamento à Desinformação (AEED) do TSE depois as eleições de 2022.
Aliados do ex-presidente acreditam que os questionamentos sobre o suposto ativismo judicial do ministro do STF será um dos principais pontos da resguardo. Desde a semana passada, os deputados mais próximos de Bolsonaro no PL já vinham adotando esse tom sobre a peroração das investigações.
“Precisamos usar a criatividade para comentar, da mesma forma que fazem os juízes auxiliares de Moraes”, comentou a deputada Júlia Zanatta (PL-SC).
Já o deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) disse que a termo do dia era “criatividade”. “Se alguém quiser saber o que significa essa palavra, é só perguntar ao ministro Alexandre de Moraes”, disse.
Bolsonaro deve se reunir com integrantes da bancada do PL para alinhar o tom político que será adotado pelo partido. O presidente pátrio da {sigla}, Valdemar da Costa Neto, também está na lista de indiciados, mas segue impedido de manter contato com o ex-mandatário por decisão de Moraes.
“O próprio Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, que faz a inquirição da testemunha, do delator, sendo que, dois dias antes, toda a imprensa anuncia que, se ele não falasse o que era necessário ser falado, ele poderia perder os benefícios da sua delação. Que Brasil é esse!? Onde nós estamos? Não dá para banalizar esse tipo de situação”, disse o líder da oposição no Senado, Rogério Pelágico (PL-RN).
Estratégia para manter nome uma vez que candidato para 2026
Uma das apostas do entorno de Bolsonaro é de que ele tente se manter uma vez que a principal força política da direita para 2026. Apesar da inelegibilidade declarada pela Justiça Eleitoral até 2030, o ex-presidente tem repetido que será o nome nesse campo político.
Pesquisa divulgada nesta quarta-feira (27) pelo instituto Paraná Pesquisas mostrou Bolsonaro tecnicamente empatado com Lula nas intenções de voto para a eleição presidencial, mas numericamente adiante, com 37,6% das intenções de voto, contra 33,6% do petista (veja metodologia inferior). Dos nomes da direita sondados para disputar o pleito em 2026, uma vez que o governador Tarcísio de Freitas e ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, o ex-mandatário é quem tem melhor desempenho contra o atual presidente.
A expectativa dentro do PL, segundo lideranças ouvidas pela Jornal do Povo, é manter a estratégia de tentar volver a inelegibilidade por meio do cenário político. Para isso, Bolsonaro deve também se destinar aos eventos do partido por todo o país uma vez que forma de mostrar base popular até que eventualmente o caso seja analisado pelo STF.
No plenário do Senado, o líder da oposição, Rogério Pelágico (PL-RN), afirmou que a aprovação da anistia seria uma forma de “desarmar espíritos”.
“Ao defendermos uma anistia, não o fazemos porque queremos anistiar crimes, até porque defendemos que aqueles que depredaram sejam punidos, nós queremos desarmar espíritos. Nós não podemos mais banalizar o fato de que ministros do Supremo Tribunal Federal estejam constantemente fazendo política, fazendo declarações políticas, além das suas prerrogativas de magistrados. Isso desequilibra a democracia brasileira”, disse.
A resguardo do ex-presidente trabalha com a hipótese de que a PGR só deva se manifestar sobre o caso a partir de fevereiro do ano que vem, depois o recesso do Judiciário. Até lá, seus aliados não acreditam na possibilidade de prisão preventiva de Bolsonaro, pois isso teria um “alto custo político”.
Apesar disso, depois ser questionado se temia ser recluso por motivo das investigações, o ex-presidente afirmou que pode ser represado a qualquer momento. “Eu posso ser preso agora, ao sair daqui (do aeroporto)”, comentou Bolsonaro ao desembarcar em Brasília.
Paralelamente, também existe uma fala junto aos integrantes do PL para que o ex-presidente se mantenha próximo dos governadores que almejam uma candidatura à presidência em 2026 no campo da direita. Estão nessa lista nomes uma vez que Ronaldo Caiado (União), de Goiás; Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais; e Ratinho Jr (PSD), do Paraná.
O que diz a delação da PF
Uma vez que mostrou a Jornal do Povo, segundo relatório da Polícia Federalista, Jair Bolsonaro “planejou, dirigiu e executou” atos para suprimir o Estado Democrático de Recta e consumar um golpe de Estado. A tentativa de se manter no poder depois a guião eleitoral em 2022, conforme os investigadores, só não se concretizou “por circunstâncias alheias a sua vontade”, principalmente pela oposição do logo comandante da Aviação, o brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Junior; do Tropa, o general Marco Antônio Freire Gomes; e da maioria do Supino Comando do Tropa.
Além do ex-presidente, a PF acusou o general Walter Braga Netto de pressionar os comandantes das Forças Armadas a aderirem ao suposto projecto de golpe. Braga Netto foi vice na placa de Bolsonaro na disputa presidencial.
“As evidências descritas ao longo do presente relatório demonstraram que o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, e o ministro da Defesa, Paulo Sérgio, aderiram ao intento golpista. No entanto, os comandantes Freire Gomes, do Exército, e Baptista Júnior, da Aeronáutica, se posicionaram contrários a qualquer medida que causasse a ruptura institucional no país. Diante disso, Jair Bolsonaro buscou e obteve o apoio do então comandante do Comando de Operações Terrestres (Coter), general Estevam Theóphilo”, diz outro trecho do relatório da PF.
Braga Netto nega qualquer fala para um golpe. “Nunca se tratou de golpe, e muito menos de plano de assassinar alguém. Agora parte da imprensa surge com essa tese fantasiosa e absurda de ‘golpe dentro do golpe’. Haja criatividade”, disse ex-ministro da Moradia Social em seu perfil do “X”.
A resguardo do ex-ministro afirmou nesta quarta-feira que as anotações encontradas pela PF na mesa do assessor do ex-ministro, coronel Peregrino na sede do PL e tratadas uma vez que “plano de golpe” eram um material com respostas a demandas da prelo e para participação em Comissões Parlamentares de Sindicância (CPIs).
O material foi apreendido em fevereiro deste ano, quando a sede pátrio do PL foi fim de procura e inquietação durante a Operação Tempus Veritatis. De entendimento com a PF, o material apreendido contém um projecto batizado de “Operação 142” com o esboço de um “decreto de instauração de estado de exceção no Brasil”.
Metodologia da pesquisa citada
A pesquisa do instituto Paraná Pesquisas foi realizada por meio de entrevistas pessoais, entre os dias 21 a 25 de novembro de 2024. Os entrevistadores ouviram 2.014 eleitores, com idade a partir dos 16 anos, em 86 municípios nos 26 estados e Província Federalista. O intensidade de crédito é de 95% e a margem de erro é de 2,2 pontos percentuais.