Ó Morgan Stanley tem expectativas positivas para a Argentina em 2025. O banco norte-americano destaca os “progressos extraordinários” do país na direção de ajustes fiscais e esforços de desregulamentação, em contraste com os riscos fiscais do Brasil.
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“As boas notícias para a América Latina e os sinais positivos não vêm dos maiores países”, diz o Morgan Stanley no mesmo relatório em que rebaixou a recomendação de investimento para o Brasil.
O que o Morgan Stanley vê na Argentina
O banco sugere que a Argentina, por sua mudança econômica radical sob o procuração de Javier Mileypode ser o “canário na mina” em termos de direção política para a região.
Historicamente, os mineradores levavam um canário em uma gaiola para o trabalho, por ter pulmões mais sensíveis a gases tóxicos que os de um ser humano. Assim, se o canário parasse de trovar, era sinal de uma concentração perigosa de gases na mina. Ou seja, um sinal da premência de saída imediata do lugar.
Assim, na visão do Morgan Stanley, a Argentina pode ser o sinal de uma mudança mais ampla no continente. Com eleições no Chile, Colômbia, Peru e Brasil nos próximos dois anos, “nos perguntamos se a mudança radical da Argentina em direção à ortodoxia poderia abrir caminho para plataformas políticas semelhantes na região”.
Ainda é só o primícias da recuperação da Argentina, diz o relatório do banco, que é o nono maior do mundo, segundo a classificação da consultoria GlobalData. Enquanto outros países da América Latina, uma vez que o Brasil, têm dificuldades para seguir com agendas de reformas estruturais, o país dos pampas “está tentando avançar de forma agressiva”.
O Presidente Javier Milei manteve uma reunião com a Diretora-Universal do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, no contexto da Cimeira do G20 no Rio de Janeiro. pic.twitter.com/OcNuEdtShK
— Gabinete do Presidente (@OPRArgentina) 19 de novembro de 2024
O mais importante para a retomada econômica argentina é a agenda de reformas, que sustenta o espeque dos eleitores locais. Apesar da recessão econômica que abateu o país recentemente, a gestão ortodoxa de Javier Milei pode se trasladar em aumentos significativos da ingressão de capital no país.
“Investimentos de longo prazo e gastos de capital em infraestrutura e projetos de maior duração são desafios cruciais para as narrativas de crescimento da região.”
Já o Brasil pode “piorar antes de melhorar”
O banco norte-americano diz que tanto a Argentina quanto o Brasil estão cada vez mais parecidas com o Texas, no sentido de exportarem provisões e mercadorias energéticas para o mundo. A diferença é que, enquanto os irmãos põem a mansão em ordem, as condições no Brasil “podem piorar antes de melhorar”.
Não basta o investimento no Brasil estar barato para o investidor estrangeiro, é preciso fazer sentido colocar verba no país. E essa justificativa não está clara, considera o relatório, divulgado na última segunda-feira, 17.
O Morgan Stanley reduziu a alocação de capital no Brasil e no México, devido a riscos políticos e dúvidas sobre o incremento. Apesar de verem potencial de incremento nos dois países, os analistas econômicos do banco consideram prematuro apostar em projeções positivas, enquanto não houver responsabilidade fiscal no Brasil e fortalecimento do busto institucional no México.
Para o Brasil, qualquer otimismo depende da troca do protótipo de incremento econômico, que atualmente se baseia em consumo e gasto público, para o protótipo fundamentado em investimento e exportação. A mudança depende de juros mais baixos – que, por sua vez, dependem de responsabilidade fiscal, frisou o Morgan Stanley.
Já um cenário pessimista para o país requer unicamente “a continuação do atual padrão de gastos e dominância fiscal”.
A relação dívida/PIB do Brasil está próxima de 90%, com um déficit fiscal em torno de 8% do PIB, e os juros reais variam de 11% a 14%. De convenção com o relatório, esses níveis limitam investimentos no país, que atualmente estão em 17% do PIB — inferior de Argentina, México e Índia.
Grande segmento dos gastos públicos no Brasil são transferências sociais, juros e aposentadorias, enquanto os investimentos públicos são quase inexistentes. “O Brasil precisa de uma mudança estrutural em seu modelo econômico para que os mercados financeiros estabilizem.”
A redução de expectativas com a economia brasileira, no entanto, não é novidade para o Morgan Stanley. O banco rebaixou a recomendação das ações do país em novembro de 2022, ao alegar preocupações com a transporte dos gastos públicos em um novo procuração de Luiz Inácio Lula da Silva.