O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, convidou o coronel Mike Waltz para ser seu conselheiro de Segurança Nacional. Waltz, o primeiro veterano dos Boinas Verdes a se tornar um congressista norte-americano, já serviu em missões no Afeganistão, no Oriente Médio e na África.
Se a nomeação for confirmada, Waltz será o principal nome nas crises enfrentadas pelo país. Entre elas, o fornecimento de armas à Ucrânia, as preocupações com a aliança entre Rússia e Coreia do Norte, ataques frequentes do Irã no Oriente Médio e os esforços por um cessar-fogo entre Israel e os grupos terroristas Hamas e Hezbollah.
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O republicano, que acaba de conquistar seu terceiro mandato, foi eleito pela primeira vez para o Congresso em 2018. Na Câmara, ele integra uma comissão onde colabora para desenvolver políticas sobre as relações norte-americanas com a China. Ele propôs legislação para reduzir a dependência dos EUA de minerais chineses.
“A América do Sul oferece uma ampla variedade de minerais essenciais para impulsionar nossa economia moderna”, disse ele. “É contra nossos interesses estratégicos que a China tente monopolizar essas exportações e instale bases militares que podem ser usadas contra nós em um eventual conflito sobre a soberania de Taiwan.”
Waltz atuou anteriormente no Pentágono como diretor de Política de Defesa durante o governo de George W. Bush. Hoje, ele é considerado um dos congressistas mais combativos contra a China. Em 2021, afirmou que os Estados Unidos estão em uma “guerra fria” com o Partido Comunista Chinês.
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No mesmo ano, ele se tornou o primeiro membro do Congresso a defender um boicote dos EUA aos Jogos Olímpicos de Inverno de 2022, realizados em Pequim, capital da China. Waltz justificou sua posição com o genocídio e a internação de uigures pelo Partido Comunista Chinês, bem como a escravidão, o trabalho forçado e os campos de internação de minorias étnicas na China.
Mike Waltz defende uma nova Doutrina Monroe
Em maio, Waltz afirmou que os Estados Unidos precisam renovar a Doutrina Monroe para frear a expansão econômica e militar da China sobre o Caribe e a América Latina. “Os sinais de alerta estão soando sobre o aumento da presença da China em nosso hemisfério”, disse Waltz à revista norte-americana Newsweek.
A Doutrina Monroe foi uma política externa dos Estados Unidos, estabelecida em 1823 pelo então presidente James Monroe, que visava a impedir a interferência europeia na América. A medida estabelecia que qualquer intervenção nas questões políticas de um Estado nas Américas por potências estrangeiras era potencialmente hostil e que os EUA protegeriam sua esfera de interesse.
“Também temos uma base de espionagem chinesa em Cuba a 160 km da Flórida, propriedade chinesa do porto no lado caribenho do Canal do Panamá e diplomacia nas Bahamas depois do Furacão Dorian, enquanto ainda nem temos um embaixador”, disse o aliado de Trump. “Isso é uma ameaça clara e presente ao nosso país, dada a sofisticação das operações de espionagem do PCCh.”
Waltz é o segundo membro do Partido Republicano da Câmara dos Representantes a ser nomeado para o governo de Trump, logo depois da congressista Elise Stefanik, de Nova York, ser escolhida como embaixadora dos EUA na Organização das Nações Unidas. Suas saídas significam que a estreita maioria republicana na Câmara ficará ainda mais apertada até que novas eleições sejam convocadas.
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