Mais que uma simples commodity para o Espírito Santo, o moca é uma legado cultural para o povo da terreno; um verdadeiro motor econômico do nosso Estado e, cada vez mais, um campo fértil para práticas sustentáveis tão requisitadas atualmente. Nos últimos anos, a adoção dos princípios de ESG (Ambiental, Social e Governança) tem se tornado uma veras crescente e as cooperativas de cafeicultores são um fator importante nessa guinada rumo a uma economia cada vez mais virente e responsável com o todo, remodelando a forma porquê o moca é cultivado, processado e comercializado, em procura por impactos positivos nas comunidades locais e no meio envolvente.
A adoção dos princípios de ESG na produção de moca no Espírito Santo não é exatamente uma novidade para o setor cooperativista e envolve uma série de ações estratégicas puxadas em grande segmento pelo poder público estadual, mas que conta com a ação direta de produtores para serem colocadas em prática. Desde o plantio até a comercialização, é o produtor quem garante o bom resultado da sua safra e isso ganha um peso ainda maior quando o tema é sustentabilidade. O moca produzido a partir de práticas sustentáveis exige potente dedicação por segmento do produtor que muitas vezes encontra no cooperativismo o pedestal necessário, em forma de cursos e capacitações que abrangem desde a conservação ambiental até o fortalecimento social das comunidades agrícolas.
Carlos André Santos de Oliveira, o “Carlão”, diretor-executivo da Organização das Cooperativas Brasileiras no Espírito Santo – OCB/ES e vice-presidente do Juízo Deliberativo do Sebrae/ES enfatiza a influência dessa abordagem porquê uma instrumento para prometer a sustentabilidade do setor: “O compromisso das cooperativas capixabas com a ESG é um fator diferencial que vem promovendo mudanças significativas nas práticas agrícolas. Estamos testemunhando uma transformação no modo como os produtores enxergam o seu papel na preservação do meio ambiente e na responsabilidade social, ao mesmo tempo em que buscam melhorar a qualidade e a competitividade do café produzido e somos parte ativa deste cenário”.
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Foto: divulgação
Durante conversa com a revista Conexão Safra, Carlão ressaltou a presença da taxa da sustentabilidade em grande segmento dos trabalhos desenvolvidos pela OCB no Estado, principalmente em sua atuação junto ao setor agrícola e da cafeicultura. “A discussão sobre sustentabilidade é pauta em praticamente todas as ações promovidas pelo Sistema OCB/ES junto às suas cooperativas que trabalham com café. No dia 14 de agosto, por exemplo, a instituição realizou uma reunião setorial com todas as cooperativas do segmento, sobre temas como sustentabilidade, pesquisa e tecnologia. Esses diálogos servem para estimular as cooperativas de café do Estado a se desenvolverem nesses eixos e seguindo práticas já bem-sucedidas em outros Estados. O papel do Sistema OCB/ES é facilitar o acesso das cooperativas a essas informações e incentivá-las a trabalharem dessa forma”, pontuou.
Entre essas ações promovidas pela Organização estão pesquisas específicas que servem de pedestal às cooperativas na geração de cursos aos seus membros. A mais recente delas, sobre gases de efeito estufa na produção do moca conilon capixaba tem, de convenção com Carlos André, potencial direto para a adoção de novas práticas no mercado lugar. “O estudo mostrou que a variedade conilon possui um balanço de carbono negativo, ou seja, retém mais gases de efeito estufa do que emite em todo o seu processo produtivo, e a adoção de práticas sustentáveis otimiza o balanço de CO2, quase triplicando a retenção de gás carbônico no solo em relação à produção tradicional”, comenta.
Mesmo que não se possa ainda espetar a reciprocidade entre o recente propagação da lavoura do moca conilon no Estado (Tapume de 9% a mais que 2023) ao impulsionamento do mercado para cafés sustentáveis, porquê pode dar a entender a pesquisa mencionada pela OCB, é um indumentária que o nosso conilon, tem gerado experiências positivas entre produtores sustentáveis de cooperativas do setentrião ao sul do Estado. A Cooperativa Agrária dos Cafeicultores de São Gabriel da Palha (Cooabriel) e a Cooperativa dos Cafeicultores do Sul do Espírito Santo (Cafesul) são exemplos marcantes desse movimento, cada uma com iniciativas que buscam não somente preservar o meio envolvente, mas melhorar a vida dos produtores e das comunidades onde atuam.
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A Cooabriel, por exemplo, lidera um grupo de produtores de cafés sustentáveis há mais de oito anos, e tem focado seu trabalho em uma tendência crescente no mercado internacional, que é a certificação de produtores e produtos da cafeicultura. “Entre as ações que desenvolvemos existem planos de melhorias constantes, desenvolvidos em conjunto com a consultoria técnica e diversos parceiros. São treinamentos, qualificações, dias de campo e instruções técnicas para aprimoramento de práticas sustentáveis no campo. Tudo isso voltado diretamente ao nosso produtor”, garante Renata Vaz, gerente de exportação e sustentabilidade da cooperativa, que é considerada a maior do Brasil quando o tema é a produção de conilon.
Não por casualidade, a Cooabriel possui certificação Smeta 4 Pilares, que avalia o cumprimento de preceitos relacionados a normas trabalhistas, saúde e segurança, moral nos negócios e meio envolvente, sendo reconhecida porquê um fornecedor socialmente responsável. A certificação contempla o multíplice de armazéns em São Gabriel da Palha/ES. Aliás, a cooperativa é pioneira na conquista de selos no Estado, sendo de um de seus produtores a primeira certificação de Identificação Geográfica concedida a um moca torrado capixaba. O moca Maritacas, de Novidade Venécia, conquistou sua habilitação em 2021 e a mantém ainda hoje em grande segmento devido ao pedestal da cooperativa, que desempenha um controle direto na qualidade dos grãos produzidos.
“O principal mecanismo de controle é a rastreabilidade dos cafés, que vai desde a produção, recepção e armazenamento de safra à comercialização. Esses processos são auditados de maneira externa e independente e, somente após validação, é autorizada a emissão de certificado de café sustentável para comercialização durante o ano safra”, pontua Renata.
“A Cooabriel tem trabalhado para incrementar tanto o número de produtores quanto o volume de cafés sustentáveis. Em 2023, a quantidade de produtores inseridos nos grupos de certificação girava em torno de 400. Em 2024, a expectativa é chegar a cerca de 800 produtores”, conclui.
Por outro lado, a Cafesul tem focado seus esforços na inclusão social e no pedestal técnico aos pequenos produtores, garantindo a certificação “Fair Trade” que, desde 2008, coloca a cooperativa em par com empresas e organizações de todo o mundo reconhecidas por suas realizações sociais e de sustentabilidade, buscando o desenvolvimento das regiões onde são cultivados seus grãos.
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Foto: divulgação
Para Carlos Renato Theodoro, presidente da cooperativa, a manutenção do selo internacional por mais de seis anos resulta em uma veras em que todo moca produzido pela Cafesul pode ser considerado um resultado reconhecidamente sustentável. “Para atingir a certificação, a gente tem que atender a uma série de condicionantes ambientais, como o uso restrito de agrotóxicos, cuidados específicos com nascentes dentro e próximas às propriedades, a proteção do trabalhador e de sua dignidade, desde ações de trabalho e em questões sociais também. Os trabalhadores precisam ter carteira assinada ou contrato de parceria previamente firmado, além de termos como meta o combate ao trabalho escravo e infantil. Todas essas exigências estão dentro da norma de certificação Fair Trade que mantemos desde 2008 e, como é uma certificação coletiva, abrange todos os nossos 180 cooperados espalhados em sete municípios da Região Sul do Estado e todos têm que atender a essas condicionantes. Eu diria que todo café da Cafesul hoje é produzido de forma sustentável”.
Com toda uma ação voltada para o reconhecimento da sustentabilidade, a Cafesul se destaca ainda por tornar isso segmento integrante de sua identidade ou, porquê comenta Renato Theodoro, “do seu DNA”. Isso porque a cooperativa acaba de reformular seu projecto estratégico e inserir em sua silabário de valores características próprias da sustentabilidade. Está lá, em sua proposta de existência, a “promoção de desenvolvimento sustentável das comunidades onde atua” e o fornecimento de “produtos especiais, sustentáveis e certificados, provenientes da agricultura familiar, empoderando a mulher, a juventude e valorizando a cultura local”.
Recordar é viver! Tarifa sempre presente na Conexão Safra, o projeto “PÓDE Mulheres” não é a única iniciativa da Cafesul para o incentivo e desenvolvimento de uma cafeicultura sustentável, mas certamente se destaca pela sua proposta de atrair mulheres para o mundo do cooperativismo, promovendo oportunidades de capacitação, desenvolvimento e socialização entre as mulheres do campo.
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Foto: divulgação
“Temos hoje um cenário em que parte considerável da nossa produção de cafés sustentáveis vem dessas produtoras e isso teve início lá em 2012, quando identificamos a necessidade de nos aproximarmos das mulheres que já estavam inseridas no processo da cafeicultura, mas que não possuíam a devida visibilidade”, comenta a gerente administrativa e agente de Desenvolvimento Humano da Cafesul, Natércia Bueno, que também é coordenadora do projeto com mais de dez anos de existência e mais de 40 mulheres envolvidas.
Produtora de moca sustentável e integrante do grupo desde a sua instalação, Eliane Rodrigues é um exemplo de porquê a prática sustentável pode valer uma mudança não somente no consumo de cafés especiais, mas no outro extremo da prisão produtiva, onde ela e toda a sua família se encontram. “Eu sempre trabalhei com o café, mas a diferença agora é que tem um sentimento de pertencimento muito maior envolvido. A gente tem uma produção bastante diferente da que é feita no café convencional e estar presente em cada etapa do processo, do plantio até a comercialização, passando pelo manejo, pela escolha do fruto no tempo correto de maturação, exige uma dedicação grande minha e de toda família. Isso, no final das contas, faz valer a pena”, relata a agricultora que empresta seu rosto para o grupo, enfim, é dela a foto utilizada para produzir a arte que vai estampada no rótulo de cada saquinho de moca. Vestuário que a deixa orgulhosa, mas ela garante: não sobe à cabeça. “Foi meio que por acaso que escolheram a minha foto, mas eu fico muito feliz de estar na embalagem. De vez em quando alguém comenta”, conta.
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Foto: divulgação
Na esteira das boas práticas desenvolvidas pela Cafesul, a cooperativa implementou ainda programas que oferecem assistência técnica cativa, orientando os cafeicultores na adoção de práticas mais sustentáveis e eficientes, porquê o uso do substrato feito da própria palha do moca, divulgado comercialmente porquê biochar. Essa abordagem não somente garante a economia a partir do aproveitamento de materiais antes descartados, porquê pode valer um aumento considerável no chamado “sequestro de carbono”, sentença utilizada para definir o processo de retirada de gás carbônico da atmosfera.
Além das práticas de sustentabilidade, a inovação recente do biochar tem ganhado destaque entre as cooperativas de moca do Espírito Santo. O biochar é um carvão vegetal produzido a partir de biomassa que, quando adicionado ao solo, melhora sua estrutura e aumenta a retenção de chuva e nutrientes, contribuindo também para a tomada de carbono e reduzindo as emissões de gases de efeito estufa na atmosfera.
A NetZero, empresa de origem francesa que se especializou na produção de biochar, inaugurou recentemente uma vegetal industrial em Brejetuba, a segunda no Brasil, especificamente voltada para a fabricação do insumo a partir da palha do moca. A escolha por Brejetuba, uma região produtora de moca, não foi por casualidade. A proximidade com as lavouras facilita a logística e permite uma operação mais sustentável, com menor pegada de carbono, segundo Pedro Figueiredo, CEO da NetZero no Brasil, ao realçar a influência dessa tecnologia.
“O biochar é uma solução sustentável que se alinha perfeitamente com as necessidades da agricultura moderna. Para se ter uma ideia, cada planta como esta que inauguramos aqui no Estado tem a capacidade de gerar 4 mil toneladas de biochar a partir de 16 mil toneladas de biomassa ao ano, o que representa um sequestro de carbono de cerca de 6 mil toneladas de CO2 retirados da atmosfera”, calcula.
Ainda de convenção com o executivo, a meta da empresa é ampliar o número de vegetais industriais no país, chegando a 700 unidades em todo o Brasil até o ano de 2039. Sessenta delas previstas para o Espírito Santo. “Isso significa um investimento de R$ 25 milhões por unidade, algo em torno de R$ 1,5 bilhão no total aplicado. Ao mesmo tempo, essas usinas terão uma capacidade acumulada de retirar 3,6 milhões de toneladas de CO2 da atmosfera em um período de dez anos”, salienta Figueiredo, que também prevê uma geração de empregos provenientes dos empreendimentos: “são muro de 30 empregos diretos por unidade, mas também estamos falando de logística na chegada e saída de insumos e biochar, além da ampliação da produção de moca em até 30%.
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Foto: divulgação
O Horizonte da Sustentabilidade na Cafeicultura Capixaba
O Espírito Santo está na vanguarda da emprego dos conceitos de ESG na cafeicultura, demonstrando que é verosímil produzir um moca de subida qualidade de forma sustentável e socialmente responsável. As iniciativas das cooperativas locais, aliadas a inovações porquê o biochar, estão criando um novo paradigma para a produção agrícola no Estado, onde a preservação ambiental, o desenvolvimento social e a governança moral caminham juntos.
Essa transformação não só eleva o valor do moca capixaba no mercado global, mas garante que as futuras gerações possam continuar a usufruir dos benefícios dessa cultura tão importante para a economia e a identidade do Espírito Santo. À medida que mais cooperativas e produtores adotam práticas sustentáveis, o Estado se consolida porquê um protótipo de sustentabilidade na lavradio, inspirando outras regiões a seguirem pelo mesmo caminho.