A South East Technological University (Setu), localizada em Carlow, na Irlanda, deu início, neste ano, um curso de graduação para digital influencers. O programa inclui disciplinas como gestão de crise, relações públicas, estudos de celebridades, psicologia social e edição de vídeo e áudio.
A proposta surge em um momento em que o mercado global de influenciadores apresenta um valor estimado de R$ 93 bilhões, com previsões de crescimento contínuo à medida que empresas alocam orçamentos maiores em parcerias com pessoas que somam milhões de seguidores nas redes sociais.
+ Leia mais notícias de Mundo em Oeste
O conceito para o curso começou a se formar em 2019, quando Irene McCormick, docente coordenadora da iniciativa, soube que a filha estudava com uma influencer na universidade em que frequentava. A acadêmica percebeu o impacto que esses profissionais têm sobre os jovens. Isso levou ao desenvolvimento de um programa de verão destinado a adolescentes que desejavam aprender a se tornar influenciadores digitais.
Durante dois anos, o programa de verão convidou estrelas do TikTok e pesquisadores de mídia para ensinar os alunos a construir uma marca pessoal. O sucesso facilitou a transição para a criação de um curso de graduação.
Leia mais:
Influencers em pauta
A busca por carreiras além do modelo tradicional foi acentuada pela pandemia, que levou muitos jovens a almejar maior controle sobre suas vidas profissionais. A professora Brooke Erin Duffy, da Universidade de Cornell, ressaltou ao jornal norte-americano The Washington Post que a carreira de influenciador oferece um caminho autônomo, o que atrai cada vez mais a geração Z. Nos Estados Unidos, cerca de um em cada quatro jovens dessa faixa etária aspiram a essa profissão.
Além disso, o novo curso da Setu reflete uma tendência de especialização na educação superior. Como o mercado de trabalho sofre transformações cada vez mais rápidas, a demanda por conhecimentos específicos aumenta ainda mais.
A professora Dawn Lerman, da Fordham Graduate School of Business, observou que o ensino precisa se adaptar a essa nova realidade e preparar seus alunos para funções específicas.
Embora o currículo da graduação em influencer inclua elementos semelhantes aos de um curso de marketing digital, a proposta da Setu se diferencia ao estimular os alunos a serem “inventivos e empreendedores”, segundo Brooke.
No entanto, a acadêmica também considera que a realidade da carreira de influenciador pode ser desafiadora, com constantes batalhas contra algoritmos em mudança, assédio de perseguidores e instabilidade em relação à remuneração.
A natureza volátil das indústrias criativas, que são especialmente afetadas por mudanças repentinas nas plataformas de mídia social, torna a preparação para essa carreira um desafio. A capacidade de traduzir o sucesso de uma plataforma como o YouTube para outra como o TikTok, por exemplo, não é simples.
A professora Brooke alertou que a incerteza das plataformas digitais pode tornar o treinamento específico rapidamente obsoleto. Por isso, qualquer programa que se proponha a ensinar sobre a indústria deve concentrar-se em conceitos de nível mais elevado, que se adapte a quaisquer mudanças.
Leia também: “O mundo bizarro dos influencers“, artigo de Theodore Dalrymple publicado na Edição 149 da Revista Oeste