Pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul criaram uma bebida fermentada — semelhante a um vinho espumante — produzida a partir do umbu. Essa matéria-prima é uma fruta típica do Nordeste, oriunda das áreas de vegetação de caatinga — uma fronteira agrícola a desbravar no Brasil.
Os estudos para o desenvolvimento da bebida ocorreram por meio de uma parceria entre a Universidade do Estado da Bahia, a Universidade Federal da Paraíba e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), além de produtores da fruta. A união entre centros de pesquisa e agricultores é uma dos fatores-chave para o desenvolvimento agrícola do Nordeste — e do Brasil.
Um dos escritórios envolvidos no desenvolvimento da bebida é a Embrapa Semiárido, que já deu muitos frutos para a Região Nordeste. Localizada em Petrolina, em parte das margens do Rio São Francisco que cruzam o interior de Pernambuco, esse centro de pesquisa impulsionou, por exemplo, o cultivo de uvas no semiárido, tanto para o consumo in natura quanto para a produção de vinhos, incluindo os espumantes.
Vinho no Nordeste
Grandes empresas cultivam uva e produzem vinho na área do Vale do São Rio São Francisco no Nordeste, onde os principais polos são Petrolina e a baiana Juazeiro. Essa parte do país foi responsável por 32% da colheita da fruta do Brasil em 2023. Desse modo, perdeu apenas para o Rio Grande do Sul — que responde por 51% da safra nacional.
A gaúcha Miolo é uma das muitas empresas atraídas pelo potencial do Vale do Rio São Francisco — umas referências na produção de vinho no Brasil. Outro grande destaque é a vinícola Rio Sol, marca criada pela portuguesa Global Wine para produzir vinhos na região. E elas são apenas duas entre muitas.
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De acordo com Sebrae, existem sete vinícolas focadas em bebidas finas na região. Elas produzem 8 milhões de litros por ano — cerca de 15% da produção nacional.
A importância das vinícolas levou a região a ter a primeira indicação de procedência de vinho tropical. É um selo similar ao que é conferido aos vinhos do Porto, de Portugal, por exemplo.
Uva nordestina
A qualidade da uva nordestina está conquistando o mundo. Em 2023, por volta de 98% exportações brasileiras da fruta foram colhidas em lavouras no Nordeste, gerando o faturamento de R$ 180 milhões No lista de grandes clientes, aparecem países como Holanda, Estados Unidos, Reino Unido, Espanha e Argentina, entre muitos outros.