A Turquia foi alvo de um ataque terrorista perpetrado por um casal, que causou cinco mortes e cerca de vinte feridos. Imediatamente, como reação ao ataque sofrido, o governo turco lançou uma série de ataques que atingiu 47 alvos curdos em três países: no norte da Turquia, no Iraque e na Síria. O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, considerou o ataque “hediondo” e mais tarde, num encontro com o ditador russo, Vladimir Putin, o chamou de “uma ação vil de ataque a civis”. Ainda não há números definitivos sobre as vítimas dos ataques turcos nos três países. Apenas uma organização informa haver 12 mortos na Síria — e o número ainda é preliminar.
É interessante notar a assimetria deste caso com o ocorrido em Israel. O massacre ocorrido em 7 de outubro de 2023 não causou cinco, mas sim 1206 mortes. Não foi perpetrado por dois atiradores solitários, mas por cerca de 5500 terroristas que, além de matarem, decapitarem, estuprarem, queimarem velhos e bebês, homens e mulheres — inclusive inválidos em suas carreiras de rodas — destruíram, explodiram e incendiaram centenas de casas. A reação Israelense foi considerada assimétrica.
O mesmo presidente turco que chamou o ataque de ontem de hediondo, justificou a matança feita pelo Hamas. O mesmo governo que retaliou em três países diferentes, condenou a contraofensiva de Israel. Os mesmos líderes turcos que consideram os curdos como terroristas, consideram o Hamas como um “grupo de resistência” e finalmente, a mesma Turquia que conquistou pela força das armas o norte de Chipre, de onde expulsou a população greco cipriota, considera aldeias na Samaria e na Judeia como “invasoras”. Eis um aspecto da assimetria.
Por outro lado, as esquerdas que saem às ruas exigindo o fim de Israel, usando slogans como “do Rio ao Mar a Palestina será livre” calam-se sobre o massacre contra os curdos. Não houve sequer uma passeata em nenhum dos 193 países do mundo defendendo o direito dos curdos à autodeterminação. Nenhuma universidade “progressista” hasteou bandeiras curdas, nenhuma instituição turca foi pichada. Este é mais um aspecto da assimetria.
Tal como o exemplo turco, é bom lembrar que a Síria matou cerca de 700 mil e provocou o exílio de 4,9 milhões de seus cidadãos, sem que sequer uma passeata de repúdio tenha ocorrido. Já no Sudão há 8,6 milhões refugiados e 18,6 milhões famintos que contam com o silêncio sepulcral das mesmas esquerdas. No Afeganistão as mulheres só podem sair às ruas acompanhadas de um homem da família, lhes é proibido estudar e o “casamento” de crianças (meninas) é tolerado e incentivado — mas nenhum grupo feminista faz passeatas, manifestações ruidosas ou silenciosas. Mas basta um desajustado cometer qualquer ato contra mulheres em Israel e o mundo explode em reações violentas. É mais um aspecto da assimetria.
Não são necessários novos exemplos. Esta assimetria só tem um nome: racismo. Sempre que o Estado de Israel ou os judeus possam ser demonizados, espezinhados, ridicularizados, antipatizados e culpados de qualquer coisa, real ou imaginária, as esquerdas estarão em alerta. Isto, na verdade, não é assimetria. É puramente racismo.
Marcos L. Susskind é ativista comunitário, palestrante e guia de turismo em Israel.